Treinador do Benfica muda pouco o onze e fez apenas uma substituição contra o Inter e três frente ao F. C. Porto, sendo que uma delas foi por lesão. Equipa perde gás e aparenta quebra física em fase crucial da época.
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A derrota com o Inter (0-2), que se seguiu ao desaire frente ao F. C. Porto (1-2), em apenas cinco dias, faz soar os alarmes na Luz. No jogo da primeira mão dos quartos de final da Liga dos Campeões, a equipa não marcou em casa pela primeira vez na temporada e notou-se a falta de recursos táticos e físicos para ultrapassar os italianos.
Muito conservador, o treinador Roger Schmidt raramente opera alterações no onze - a exceção são jogadores castigados e lesionados - e no banco resiste também a grandes mudanças. Os números são elucidativos: nos quatro jogos que o Benfica não venceu em 2023 - Braga (1-1, na Taça), Sporting (2-2), F. C. Porto (1-2) e Inter (0-2) -, nos três últimos fez poucas substituições nos 90 minutos. Na terça-feira, só efetuou uma, algo inédito nesta época, sendo que preparava mais duas aos... 90+2 minutos, mas Musa e Gonçalo Guedes acabaram por não entrar, já que, entretanto, o árbitro deu por findo o jogo.
Com os dragões, descontando a troca do lesionado Bah por Gilberto, Schmidt operou duas substituições: Florentino por Neres, a mesma que fez com o Inter, e Rafa por Musa, aos 87 minutos. Já com o Sporting, na Liga, o treinador alemão mudou Aursnes por Neres e, nos descontos, Rafa saiu para a entrada de Chiquinho. E as alterações não surtiram efeitos.
A decisão de mudar pouco durante o jogo sublinha que a base de escolhas está reduzida a um lote restrito de jogadores e de acordo com uma estratégia que sofre poucas alterações, seja quando está a vencer ou a perder. Outra leitura é a de que o técnico alemão poderá considerar o plantel desequilibrado. Na posição de médio defensivo, Florentino é o único que lhe dá garantias, e o mesmo aplica-se a Gonçalo Ramos no papel de avançado, assim como a Grimaldo no lado esquerdo da defesa. E a insistência em utilizar quase sempre os mesmos jogadores acarreta custos físicos.
A partida com o Chaves, sábado, é crucial na luta pelo título e uma eventual escorregadela, quando faltam sete jornadas para o fim do campeonato, pode fazer tremer o líder na Liga.
QUEBRA AO PORMENOR
Permeabilidade
Frente ao F. C. Porto e ao Inter, o Benfica encaixou quatro golos, tantos quanto havia sofrido desde o arranque da segunda volta da Liga, entre partidas da Champions e da Taça de Portugal. Uma quebra abrupta que também se explica face às ausências de Bah (saiu na primeira parte com os dragões) e de Otamendi com o Inter, por estar castigado.
Pressão em queda
Em certas alturas asfixiante, a pressão implementada por Schmidt quando a equipa não tem a bola tem vindo a perder alguma intensidade, abrindo mais espaços que as equipas de um nível semelhante têm sido capazes de explorar. A saída de Enzo Fernández, em janeiro, ajudou ao cenário atual.
Paragens arrasam
O Benfica não se tem dado bem após a paragem das seleções. No início deste mês, venceu (1-0) com dificuldades o Rio Ave e somou duas dolorosas derrotas com dragões e Inter. A dinâmica da equipa já tinha sofrido uma quebra em setembro, quando empatou em Guimarães (0-0), e a seguir ao Mundial, ao perder em Braga (3-0).