António Salvador: "O ambiente à volta do jogo e dos seus protagonistas não melhorou, antes piorou"
António Salvador, presidente do Braga, assinou um extenso comunicado no qual fala sobre as arbitragens e refere que o trabalho foi dificultado pelo "terrorismo comunicacional indissociável de três clubes".
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A conclusão da oitava jornada coloca o campeonato em suspenso para a ronda dupla de compromissos de datas FIFA que se segue com vista as qualificações continentais para o Mundial de 2026. Nesse sentido e aproveintado também a aproximação da Portugal Football Summit, uma cimeira que visa a discussão do futebol, António Salvador, presidente do Braga, decidiu lançar uma nota, esta segunda-feira, com aspetos críticos sobre o estado do futebol português.
O dirigente sinalizou vários casos no duelo entre Braga e Sporting, de domingo, em comparação com outros jogos, com especial destaque para os "agarrões de Maxi Araújo a Vítor Carvalho e de Hjulmand a Lagerbielke", que geraram "um balneário confuso face aos critérios de arbitragem".
O capítulo disciplinar também esteve em destaque. O líder dos arsenalistas reforçou a "confiança no sector, na sua liderança e no seu quadro de árbitros", mas registou "que não abdica de uma arbitragem com coerência e com critério" e que "foi notória uma confusão indisfarçável e que explica as não expulsões de Morita (5 e 21) e Debast (49 e 80)". Nessa linha apelou, assim, a uma "era de mais rigor e mais critério" e apontou o dedo a três clubes em específico.
"O clube compreende que a tarefa dos árbitros e vídeo-árbitros esteja amplamente dificultada pelo terrorismo comunicacional indissociável de três clubes e da sua amplificação no espaço público e mediático. À data presente, o balanço das mudanças recentemente operadas e da anunciada nova era do nosso futebol só pode ser um: o ambiente à volta do jogo e dos seus protagonistas não melhorou, antes piorou. O nível da discussão recuou décadas e já vai na contabilidade dos vermelhos, dos verdes e dos azuis em cargos de poder, chegando ao cúmulo da inusitada revelação de supostas reuniões de mapeamento cromático", pode ler-se na mensagem divulgada no site oficial do emblema minhoto.
"Em defesa da arbitragem e de todo o edifício do futebol, a FPF tem um de dois caminhos: ou revela, imediatamente, mão firme perante a desordem instalada; ou será corresponsável por tudo o que advenha da crescente toxicidade que se tem permitido a alguns clubes e dirigentes", completou.
António Salvador diz que "não pretende enjeitar responsabilidades" sobre a classificação do clube com esta tomada de posição, mas realça que é "urgente que algo seja feito em prol da competitividade do nosso futebol", relembra que a Bélgica está muito próxima do ranking de Portugal e as dificuldades que o quarto classificado da Liga tem de enfrentar no trajeto europeu, num percurso que iniciou a 17 de junho.
"Em Alvalade, o SC Braga cumpriu o 16.º jogo oficial da época, ou seja, o dobro dos desafios efetuados pela grande maioria dos clubes da Liga Betclic. A sólida campanha europeia que o clube tem feito, em benefício de Portugal, implica um custo e passa fatura", detalhou.
"A excelente visão da Liga Portugal com a anunciada Meta 2028 tem de passar do plano das ideias para o plano da ação, sob pena de o nosso País desperdiçar uma oportunidade de ouro para recuperar e conservar um lugar no top 6 europeu. É hora de o Presidente da Liga usar as ferramentas ao seu dispor, com a centralização e os quadros competitivos à cabeça, para que de uma vez por todas o nosso futebol evolua com aqueles que o querem melhor e mais forte", acrescentou, antes de terminar com uma mensagem.
"Perante a enorme oportunidade, quiçá irrepetível, que temos pela frente, não pode haver hesitações nem tibiezas. Chegou o momento de a Liga Portugal tomar e assumir as opções que vão condicionar o futebol profissional para as próximas décadas", finalizou.