Arteta, o segundo treinador mais novo da liga, é o cérebro que faz funcionar a equipa mais jovem da Premier League.
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Entre 8 de novembro e 19 de dezembro de 2020, o Arsenal perdeu cinco e empatou dois dos sete jogos que realizou para a Premier League; meses depois, no arranque da época seguinte, somou derrotas nas três primeiras jornadas da liga, não marcou qualquer golo e encolhia-se no último lugar da classificação. Em ambas as ocasiões, o treinador foi colocado em causa - numa delas chegou a ser incomodado por adeptos, que lhe cercaram o carro com pedidos de demissão - e em ambas Edu Gaspar, o diretor desportivo, negou-se à resposta mais corriqueira e simplista. Mikel Arteta manteve-se no cargo e continuou o trabalho gigantesco de reabilitação dos "gunners": hoje, às 19.45 horas, defende a liderança na classificação frente ao Wolverhampton.
Ao fim de 13 jogos, o Arsenal tem mais dois pontos do que o Manchester City, mais 11 do que o Manchester United, mais 13 do que a última vítima, o Chelsea, e mais 15 do que o Liverpool. Tem 11 vitórias, um empate e uma derrota e, se bater o Wolverhampton, igualará a melhor série de resultados na história do clube na Premier League, fixada em 2007, quando chegou à 14.ª jornada com 37 pontos (11 triunfos e um empate).
Pela primeira vez desde há muito, acredita-se que o clube londrino pode voltar a ser campeão, o que não sucede desde 2004. Na primeira experiência como treinador principal - depois de três anos e meio como adjunto de Pep Guardiola - o mesmo Arteta que alguns adeptos quiseram escorraçar é o cérebro por trás do Arsenal mais prometedor dos últimos largos anos, que tem a particularidade de ser a equipa com a média de idades mais baixa da Premier League (com 31 anos, o português Cédric é o mais velho), comandada pelo segundo treinador mais novo da liga (40 anos).
Quando ficou órfão de Arsène Wenger, em 2018, o Arsenal já estava feito em cacos, longe do fulgor da primeira década do milénio. Nas três épocas anteriores a esta, por exemplo, ficou duas vezes em oitavo lugar e uma em quinto. Unai Emery não convenceu e Mikel Arteta - que em Manchester vivia sozinho num apartamento decorado com notas, exercícios e sistemas táticos nas paredes - ficou com a batata quente nas mãos, ainda que com as costas bem guardadas por Edu Gaspar, que lhe deu toda a liberdade para criar uma equipa e um clube à sua imagem. Despachou pesos pesados, caros e acomodados (Ozil, Aubameyang, Lacazette, David Luiz), potenciou a formação, reforçou o plantel com alvos prioritários (Zinchenko, Gabriel Jesus e Fábio Vieira), impôs mudanças significativas fora do campo. E o Arsenal parece ter acordado.