Sejam bem-vindos ao futebol do século XXI. A essência é a mesma, pois todos querem ganhar, mas as armas, os argumentos, os caminhos para chegar mais além são agora diferentes de há uns bons anos.
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Na era do VAR, aprimoram-se os segredos para chegar ao sucesso e têm sido recorrentes as novas estratégias que as equipas apresentam em campo para surpreender os adversários. São os "pormaiores", as novas ferramentas para construir a vitória. As bolas paradas estão na vanguarda e há vários exemplos da imaginação que tem crescido nos tempos recentes. Desde o jogador que se deita atrás da barreira à fila indiana para atacar um pontapé de canto, passando pela dupla barreira, há um manual de novas tendências a mudar o mundo da bola. O campeão europeu, Liverpool, requereu os serviços do recordista do Guinness e especialista em lançamentos laterais, o dinamarquês Thomas Gronnemark. Até há bem pouco tempo, poucos davam crédito, mas uma simples reposição de bola pode mudar o curso de um jogo. É o que diz Jürgen Klopp e a maioria dos treinadores, que procuram afinar os detalhes para fazer a diferença.
Dupla Barreira
Valentina Cernoia e o livre que correu o mundo
Inovador e polémico. Na marcação de um livre, colocam-se duas barreiras, uma à frente e outra atrás da barreira da equipa adversária. Quando o executante bate a bola, a primeira barreira desvia-se e a que está atrás vem para a frente. A panóplia de movimentos dificulta a visão e concentração do guarda-redes. Foi o que fez a seleção feminina da Itália frente a Malta, há cerca de um mês. Valentina Cernoia assinou a proeza, mas alguns especialistas defendem que a primeira barreira não estava à distância obrigatória (um metro) da barreira maltesa.
Em cima da linha
Todos na zona de tiro e guardião avançado
Pouco ortodoxo, talvez demasiado arriscado, mas há relatos em jogos no México e nas divisões inferiores de França de algumas equipas a colocar uma fila de cinco defesas em cima da linha de golo na marcação de livres diretos. Neste caso, o guarda-redes posiciona-se à frente da barreira. Uma das variantes desta situação é um dos jogadores colocar-se na linha de golo mas num dos lados, junto a um dos poste, enquanto o guarda-redes preenche o outro espaço. Neste caso, a barreira funciona de forma tradicional à frente dos dois elementos.
Jogador Deitado
Fórmula para travar livre à Ronaldinho Gaúcho
A malícia de Ronaldinho Gaúcho, antigo craque do Barcelona e da seleção brasileira, para além de outros emblemas, ficava bem patente nos livres onde fazia a bola passar por debaixo da barreira. O golo ao Santos com a camisola do Flamengo é épico. Ora, para evitar mais vexames os adversários começaram a colocar jogadores agachados atrás da barreira. Na Liga é cada vez mais comum. Há inovações e Brozovic, do Inter de Milão, até se deitou no relvado para travar a bola disparada por Suárez. O momento ficou eternizado como a tática do crocodilo.
Fugir à marcação
Atacar a bola nos cantos com recurso a fila indiana
Outra das estratégias na ordem do dia surge através dos pontapés de cantos. É cada vez mais usual ver uma linha de cinco jogadores compacta, uma espécie de linha indiana, feita de betão, e a mesma atacar a bola, sobretudo após a cobrança de cantos. A variante dificulta a marcação dos defesas adversários e gere várias dinâmicas na grande área. Na Bundesliga tem sido uma arma muito utilizada, mas a moda já se espalhou por toda a Europa. O Benfica, por exemplo, recorreu a esse método no triunfo (1-4) sobre o Boavista, no Estádio do Bessa.