O cancelamento do Famalicão-Sportig, da I Liga, no sábado, levou o Governo a qualificar como insubordinados os agentes que entregaram baixas médicas e falharam o policiamento. Paulo Pinto, coordenador da região norte da Associação dos Profissionais da Guarda, fala em pressões para a realização dos jogos deste domingo.
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"Há pressão do Comando da Guarda para fazer o jogo. Está mobilizada a unidade de intervenção, a unidade de emergência, proteção e socorro para este jogo, está cá o comandante da unidade, tudo isso para pressionar a realização do jogo", afirmou Paulo Pinto, coordenador da região norte da Associação dos Profissionais da Guarda, em declarações à RTP, referindo-se ao Vizela - V. Guimarães, da 20.ª jornada.
"Lamentamos a pressão por parte do Comando da Guarda. As atitudes ficam com quem as tomam. Lamentamos também as declarações do ministro da Administração Interna, que veio atirar mais gasolina para a fogueira", apontou. Recorde-se que o ministro da Administração Interna anunciou, este domingo, que vai participar ao Ministério Público todos os novos indícios de incitamento à insubordinação, a sua prática e eventual ligação a movimentos extremistas, praticados pelas forças policiais.
"Compreendo a parte dos políticos, se se mexer com o futebol, acorda-se o rebanho. O cidadão português, no seu geral, não tem cultura cívica e social para ver o que está mal no país. Tirámos o ópio do povo, o futebol, e começámos a mexer com interesses instalados", criticou Paulo Pinto.
O encontro entre Vizela e Vitória de Guimarães teve início cerca das 15.30 horas.
Os elementos PSP e da GNR exigem um suplemento idêntico ao atribuído à Polícia Judiciária, estando há mais de três semanas em protestos numa iniciativa de um agente da PSP em frente à Assembleia da República, em Lisboa, que depois se alargou a todo o país.
A plataforma que congrega sindicatos e associações das forças de segurança escreveu ao primeiro-ministro sobre a "situação limite" dos profissionais que representam, alertando para um eventual "extremar posições" perante a "ausência de resposta" do Governo.
A PSP indicou, na sexta-feira, que polícias de vários comandos do país tentaram entregar as armas de serviço como forma de protesto e avançou que existe "um número de baixas médicas superior ao habitual" entre os agentes.