Depois de ter perdido três finais, Benfica dá recital de bom futebol frente ao Salzburgo e ergue Youth League. Encarnados com talento para dar e vender.
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Os mais céticos vão dizer que foi coincidência. Os mais crentes, por outro lado, vão defender que nada acontece por acaso. Seja como for e divergências à parte, o Benfica soltou-se no dia que Portugal celebrou a liberdade das correntes que prendiam o desejo de conquista de um título europeu. Em Nyon, Suíça, e numa exibição que ficará para sempre escrita na história, as jovens águias abriram as asas rumo ao mais belo voo que a formação encarnada já assistiu, ao golearem o Salzburgo (0-6), na final da Liga dos Campeões jovem.
Este é um dos casos para dizer: só visto, porque contado ninguém iria acreditar. Depois das derrotas nas outras três finais (2013/14, 2016/17 e 2019/20) que já tinham disputado, as águias chegavam a este jogo com a experiência de quem já sabia muito bem o que era pisar este palco e, ao mesmo tempo, com a consciência do que tinha de ser melhorado. E talvez por isso a lição estivesse tão bem estudada. Sem que desse tempo para aquecer, Martim Neto abriu o marcador, aos dois minutos, e quando o relógio bateu o primeiro quarto de hora Henrique Araújo encarregou-se de dilatar a vantagem.
Mas estes meninos sub-19 do Benfica, que jogam como gente grande, ainda estão a "deitar corpo", e nestas idades a fome (de bola!) é tanta, que em tardes perfeitas e com tamanha qualidade à solta é preciso ter cuidado. Ora se há coisa que o Salzburgo não fez foi ter atenção ao que de mal tinha feito e acabou a ser atropelado em alta velocidade. Tal como na primeira metade, as águias entraram a matar, e com três golos em 24 minutos - N"Dour (53), Henrique Araújo (57) e Luís Semedo (69) - tornaram aquilo que parecia sonho, na mais bela das realidades.
Se fosse um quadro, esta exibição bem que se poderia chamar de "coça de bola", e quem melhor que Henrique Araújo para dar a pincelada final: Hugo Félix conquistou o penálti (bem ele tinha dito ao irmão, João Félix, para não se preocupar que a vingança da final perdida em 2016/17 ia ser feita) e o avançado Araújo rematou para o hat-trick.
Tal como o F. C. Porto já tinha feito em 2018/19, agora também o Benfica se pode orgulhar de ter conquistado a mais importante prova europeia de clubes para jovens, com o extra de ter sido a maior vitória de sempre em finais. Se dúvidas existissem elas estão totalmente dissipadas: o futuro do futebol português está mais que bem entregue.