"Não adianta estarem a fo...-me a cabeça!". Carlos Barbosa demite-se da presidência da Direção do Paços é só permanece na Mata Real enquanto o clube não organizar uma assembleia geral eleitoral.
Corpo do artigo
O presidente da Assembleia Geral do Paços de Ferreira não aceita o pedido de demissão apresentado pelo presidente da Direção do clube e pede-lhe que permaneça no cargo "em período de reflexão".
Mas Carlos Barbosa está mesmo determinado a abandonar a Mata Real: "Não adianta estarem a fo...-me a cabeça. Posso ficar mais três dias, mais 15 dias ou três meses, mas a minha decisão está tomada. O clube vai ter de convocar a assembleia geral".
Os maus resultados - o Paços é último classificado da liga de futebol - estão na origem da decisão de Carlos Barbosa, mas a causa mais próxima foi a onda de contestação gerada em torno do dirigente e um episódio ainda mais recente, ocorrido na última segunda-feira, quando, após mais uma derrota, com o Vitória de Guimarães, adeptos do Paços cercaram o carro do dirigente e insultaram e tentaram agredir a família. Foi a gota de água que fez transbordar a paciência de Barbosa.
Em conferência de Imprensa realizada, esta tarde de quarta-feira, na Mata Real, o presidente da Assembleia Geral, lamentou "as situações graves" após o jogo com o Vitória e apelou "à união dos sócios" em torno da Direção, mas o que parecia ser uma ação de desagravo à figura do presidente da Direção acabou com uma finta ao guião. Presente na conferência de Imprensa, Carlos Barbosa prometera que "não ia falar", mas não resistiu e puxou o microfone: "Não adianta fo...-me a cabeça. A decisão está tomada".
Era o cenário que o presidente da AG menos queria. "Não podemos aceitar a demissão. Se o Paços descer, desaparece. Com os compromissos que tem é para ser extinguido", observa Fernando Sequeira.
Calisto, o bombeiro
E foi neste cenário que o treinador Henrique Calisto começou a trabalhar na Mata Real. O sucessor de Costinha acredita que "o presidente vai ficar" e pede "a união de todos". A mesma agregação que, há duas épocas, lhe permitiu resgatar o Paços da descida.
Volvidos dois anos, Calisto reencontra uma situação semelhante na Mata Real, mas verifica "realidades diferentes". "São desafios diferentes, alguns jogadores novos, conjunturas diferentes, mas temos de acreditar que é possível dar a volta", diz o treinador.
"Bombeiro? Isso não tem nada de pejorativo, tenho imenso respeito pelos bombeiros, que têm uma causa nobre. Mas, eu, sozinho, não sou a solução. Todos nós, juntos, trabalharemos para garantir rapidamente a manutenção", afirma Calisto.
Esta tarde de quarta-feira, decorre, entretanto, o treino mais concorrido da época. Mais de uma centena de adeptos receberam Calisto e a equipa com fortes aplausos.
Nos gabinetes da Mata Real, os dirigentes do Paços continuam reunidos. Cá fora, o resumo moral da "voz populi": "Há três meses, o Barbosa era Deus, agora é o Diabo...".