O ainda seleccionador Carlos Queiroz vai conhecer, hoje, quinta-feira, na reunião da Federação Portuguesa de Futebol, o seu futuro, que passará pelo despedimento. Também será, desde já, abordado o tema da sucessão, de modo a que, no início de Outubro, haja novo técnico ao leme das quinas.
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A reunião foi convocada pelo líder da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), com carácter de urgência, de forma a não haver mais adiamentos. É o ponto final nas evasivas e subterfúgios. Hoje, é a hora H do seleccionador e, por arrastamento, da selecção. Face à nova conjuntura até Gilberto Madail começa a ser sensível aos argumentos da Direcção, considerando que a única solução, no beco em que se meteu Queiroz, é a saída...
A defesa do seleccionador por parte de Madail ficou mais fragilizada depois do duplo naufrágio na viagem inicial rumo ao Europeu de 2012, em que foram batidos recordes impensáveis em jogos oficiais – primeiros pontos cedidos com Chipre, quatro golos sofridos em casa e primeira derrota com a Noruega. Crise acentuada com a incomodidade que está a provocar nos jogadores, que não se coíbem de o manifestar, publicamente, exigindo uma solução do problema.
Assim, como o “piloto automático” de Agostinho Oliveira não funciona como deve ser e Queiroz vai estar suspenso ainda por mais uns meses (o recurso ao TAS apenas será julgado muito mais tarde), então, é necessário encontrar um treinador a sério, de modo a que a selecção, que parte, praticamente, do zero, concretize o objectivo imediato de somar seis pontos, frente à Dinamarca e à Islândia.
O entendimento geral é que se desencadeie o processo de despedimento com justa causa, desde já, até porque o seleccionador rejeita qualquer acordo. Isto porque, segundo confessou Queiroz, “o problema não é de dinheiro, mas da defesa da honra”.
Com efeito, uma das questões para debater na reunião é a escolha do novo seleccionador. Dada a urgência em encontrar um sucessor, será traçado, primeiro, o perfil ideal, sendo um dos vectores, o conhecimento profundo do futebol português, pois o comboio está em andamento. Neste aspecto, ganha apoiantes, na Direcção, o nome de Paulo Bento, tal como o JN noticiara há várias semanas.
Na reunião, vão participar sete elementos da Direcção, mais o presidente, já que o director Sérgio Luz, está a acompanhar a selecção sub-19, na Bélgica. Como assessores e consultores estarão na sala João Leal, da área jurídica, Carlos Godinho, director desportivo, e Onofre Costa, do pelouro da comunicação social.
Outro assunto que começa a ser falado nos meios federativos é a de uma eventual renúncia de Gilberto Madail, por razões de saúde. Caso isso venha a acontecer, agora ou mais tarde, tal abandono do presidente obriga à queda do órgão, logo a Direcção, em bloco, também cai.
Queiroz não receia nada
Carlos Queiroz afirmou, ontem, à chegada a Lisboa, proveniente de Oslo, onde assistiu ao Portugal-Noruega, que nada tem a recear da reunião que hoje tem lugar na FPF. “Nada receio. As minhas relações com o organismo e o presidente foram sempre as melhores”, disse.
Sobre a derrota de anteontem, limitou-se a elogiar os jogadores. “Os jogadores foram fantásticos, deram o melhor de si mesmos, mas as coisas não correram bem. É importante dar-lhes uma palavra de estímulo e de solidariedade neste momento”. Relativamente ao processo em que está envolvido, prometeu esclarecimentos para um momento “mais oportuno”. “Darei a minha opinião, na altura certa”, afirmou. Ainda teve tempo para ironizar, ao mostrar o bilhete de identidade. “Ainda tenho o direito de circular no país”.
* Com Nuno A. Amaral