Falha de verbas devido à ausência de transmissões televisivas e de apostas desportivas causa mossa nos orçamentos. Lay-off e redução de salários são alguns dos cenários em cima da mesa.
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Com 10 jornadas por disputar e muita coisa por decidir, a LigaPro vive dias de incerteza, à semelhança das competições que, neste momento, estão suspensas por quase todo o Mundo. Tratando-se de um campeonato do segundo escalão, onde as receitas são menores, os clubes sentem ainda mais dificuldades para responder aos problemas motivados pela pandemia de Covid-19.
Ao que o JN apurou, esta paragem implica, pelo menos, uma perda de receita bruta de 60 mil euros à generalidade dos clubes, que deveriam receber, até ao final de março, uma tranche pelos direitos de transmissão televisiva (45 mil euros) e apostas desportivas (média de 15 mil euros). Acresce a esta situação a perda de bilheteira, embora na LigaPro não seja o dado mais relevante, e a debandada dos patrocinadores. "Se não houver apoios ou não for possível o lay-off, estará em causa a sobrevivência de quase todos os clubes. A redução de salários pode acontecer. Isto vai doer a todos", diz ao JN fonte de um clube do segundo escalão.
A última jornada completou-se a 9 de março, num Leixões-Farense (1-1), e os clubes estão sem treinar há quase duas semanas, seguindo todas as recomendações dos médicos, entidades desportivas e Direção-Geral da Saúde. As preocupações crescem todos os dias, pois há receitas congeladas e compromissos a cumprir.
Ao que apurámos, a maioria dos clubes deseja que o campeonato chegue ao fim, mesmo que isso signifique ir além de 30 de junho, o que implica o alargamento dos seguros, algo que, ontem, já ficou garantido com o acordo entre a Liga e a empresa SABSEG. Os seguros ficam válidos até ao final da época e os clubes assumem um compromisso de pagamento faseado até 31 de dezembro.
perdem-se negócios
Parece um paradoxo, mas os clubes poupam dinheiro por não haver jogos ao fim de semana. Em dias de competição, há encargos com água, luz, alimentação, polícia e bombeiros e, na generalidade, a bilheteira não suporta as despesas.
Ora, acontece que os ordenados se mantêm e, sem palco, os artistas não se podem exibir. Nesta reta final, as observações seriam intensas e os atletas poderiam sair valorizados. "Perdem-se negócios. Os jogadores são o nosso maior ativo", lembram as administrações.