O treinador do F. C. Porto, Sérgio Conceição, fez a antevisão do jogo desta quinta-feira frente ao Famalicão, da segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal, desvalorizando a vantagem (2-1) que os dragões garantiram no Minho.
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"Não temos de pensar no jogo que passou, temos de pensar em ganhar. Isso é demonstrativo do respeito que temos pelo Famalicão. Em Alvalade, mudando oito jogadores, manteve qualidade, fez uma partida interessante e espera-nos um jogo extremamente difícil. É uma meia-final e percebe-se a importância quando o João Pedro Sousa diz que o jogo mais importante é o do Jamor. Para nós é o de amanhã", realçou o técnico, desvalorizando os três encontros que a equipa vai disputar em pouco mais de uma semana.
"Só me preocupa em relação ao João Mário, que é o único que está de fora (lesão), além do Marcano. Seria estranho da minha parte dizer que as questões físicas são importantes, porque só temos o João Mário de fora quando já tivemos sete ou oito lesionados ao mesmo tempo. Toda a gente está motivada, é um jogo que nos pode permitir estar, mais uma vez, na final da segunda competição mais importante. Estamos focadíssimos no jogo de amanhã"
Admitindo que gostava de ganhar "sempre por 3-0 ou 4-0", Conceição reconheceu, porém, que nesta fase da temporada "o mais importante" é somar os três pontos ou, neste caso, garantir o apuramento, até porque se a equipa "pensar em dois jogos" não vai estar "bem em nenhum deles".
"Se quisermos gerir alguma coisa, as coisas vão dar para o torto. Tenho um grandíssimo respeito pelo Famalicão, tem jogadores de qualidade. Não há gestão: há que olhar para 11 jogadores que achamos que dão mais garantias e para os outros que poderão ser solução ao longo da partida", explicou.
A vantagem (2-1) obtida na primeira mão também não dá, segundo Conceição, garantias de sucesso. "Acho que seria mais nefasto para a equipa [tentar fazer a gestão da vantagem]: somos incisivos, pressionantes e se baixarmos essas características sofremos mais no jogo, porque o adversário ganha confiança. Queremos que isso não aconteça: queremos fazer golos e não os sofrer", garantiu.
"O senhor Pedroto está lá em cima"
Sem querer tornar pública a posição que tem em relação ao facto de a meia-final da Taça de Portugal ser disputada a duas mãos - "não sou eu que terei de responder a isso. Se fosse só um jogo, já estávamos na final. Tenho opinião sobre isso, mas não a quero dar" -, Conceição também não comentou a forma como o árbitro deu por terminado o encontro com o Boavista - "houve coisas bem mais graves na última jornada" - e prefere focar-se no duelo com o Famalicão, que lhe vai permitir igualar José Maria Pedroto como o treinador com mais jogos pelo F. C. Porto.
"Tinham de falar nisso hoje? Vivo tão focado em ganhar, e isto não é demagogia, que igualando o número do sr. Pedroto... claro que me deixa orgulhoso, e à equipa técnica, mas ganhar o jogo é mais importante. Neste momento não me diz absolutamente nada. Se calhar um dia vou perceber a dimensão. O senhor Pedroto é uma das maiores figuras do clube, está lá em cima, e eu estou aqui a trabalhar para ganhar amanhã e oferecer aos adeptos mais uma final do Jamor. Um dia mais tarde talvez tenha noção do feito, mas estou tão focado na intensidade do jogo que vamos ter pela frente", resumiu, antes de fechar a conferência com uma reflexão curiosa entre os mais jovens e os mais experientes do plantel.
"Aqui dentro não há qualquer tipo de pressão, tirando a que eu lhes faço, que já não é pouco. Estamos a chegar às semanas finais da época, mas trabalhamos com tranquilidade: se pensarmos muito no fim, caímos no meio. Depende do caráter de cada um: alguns miúdos só pensam no Fortnite, na PlayStation, e depois vejo o Pepe a atirar-se para o chão quando falhamos uma ocasião e eu revejo-me nisso. Mas há miúdos que não sentem essa pressão: por um lado é bom, mas queremos que tenham o brilho nos olhos, a paixão e o frio na barriga para metermos travão e não termos de dar dois estalos para acordá-los", finalizou Sérgio Conceição.