A noite de 8 de Fevereiro de 1977 separa as duas metades da carreira: a dura, de lesões, dúvidas, altos e baixos; a fantástica, de títulos, distinções, certezas.
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Nessa noite, a Itália recebe França em Nápoles num jogo de preparação para o Mundial-78. Os olheiros querem ver o tal Platini, de quem se fala. Às tantas, livre a favor dos gauleses, Michel junto à bola e Zoff atento entre os postes. O número 10 dispara e golo. O árbitro não apitara e manda repetir. O número 10 dispara novamente e golo. Zoff e os italianos ficam pálidos, mais ainda quando Platini marca outro golo de livre no jogo.
Neto de italianos, Platini é um intelectual. Em casa, só ouve falar de matemática, através do pai, professor de liceu. E tem problemas respiratórios e suspeita de defeito cardíaco, de acordo com os testes realizados no Metz, o clube de infância. No Nancy, vá lá, aceitam-no.Os primeiros anos são intercalados por lesões, fraturas, operações. O clube desce. A tropa intromete-se. Até que chegam os Jogos Olímpicos-76 e Platini desperta a atenção do novo selecionador, Michel Hidalgo. É destaque na qualificação para o Mundial-78 e o resto é história.
De sucesso. Assina pelo Saint-Étienne, estabelece-se na seleção e faz um ótimo Mundial-82, a conduzir a França às meias-finais. Em 1984, ganha a Taça das Taças vs. F. C. Porto e, um mês depois, marca nove golos em cinco jogos para se coroar rei do Europeu francês. No ano seguinte, é campeão europeu no jogo da tragédia de Heysel Park. Ainda é o melhor marcador da liga italiana em três épocas. Ele que é 10, a jogar para os outros (Rossi e Boniek). Genial e extraterrestre, Platini empurra a França para mais uma final de Mundial, em 1986. Um ano depois retira-se. E a França? Falha o Euro-88. E o Mundial-90. Desaparece do mapa. Incrível, a influência de um 10. A França só volta aos grandes palcos para o Euro-92. Quem é o selecionador? Bien sîr, Michel Platini.