O tempo da Cortina de Ferro já lá vai. Até aos anos 80, os jogadores de futebol estavam expressamente proibidos de sair do seu país para o lado de lá, salvo raras exceções.
Corpo do artigo
Na Polónia, por exemplo, o avançado Boniek faz um brilhante Mundial-82 e consegue sair do Widzew Lodz para a Juventus. Dois anos mais tarde, outro polaco liberta-se das amarras do Widzew Lodz e arrepia caminho. Destino: Bastia (França).
Em janeiro de 1986, aterra nas Antas para se impor como o melhor guarda-redes estrangeiro na história do clube. Mal chega, estreia-se na Luz. Nesse jogo não há golos para ninguém, embora o árbitro Raul Nazaré anule bem um golo a Gomes por mão de Frasco e o mesmo Gomes falhe um penálti, para defesa de Bento. Na memória dos adeptos, a elegância de Mlynarczyk, sobretudo nos lançamentos para o ataque. Com a mão, a bola passa invariavelmente o meio-campo. Com os pés, vai de baliza a baliza.
É a sua imagem de marca, ou não fosse assim que o F. C. Porto conquistasse o campeonato desse ano, com um passe de Mlynarczyk para uma correria-golo de Futre em Setúbal (1-0) no mesmo dia em que o Sporting surpreende o Benfica na Luz (2-1). À penúltima jornada, o F. C. Porto ultrapassa o Benfica e sela o título de campeão nacional no derradeiro dia, com o 4-2 ao Covilhã. No ano seguinte, Mlynarczyk é o titular na noite mágica de Viena (2-1 ao Bayern) e no dia de neve em Tóquio (2-1 ao Peñarol).
Fumador inveterado, único que Futre vê a sacar do cigarro nos intervalos dos jogos, Mly é ainda especialista em penáltis e ajuda a resolver uma eliminatória da Taça de Portugal vs. Boavista: marca o 5-4 e defende o remate de Marcos António. Nos mundiais, sofre um bis de Rossi em 1982 e um hat trick de Lineker em 1986.