O treinador português Diamantino Miranda, que liderava a equipa do Costa do Sol, foi expulso de Moçambique por ordem do Governo depois de ter afirmado que todos os moçambicanos são "ladrões" reagindo a um jogo em que criticou violentamente a arbitragem.
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Duas semanas após o incidente em que o antigo jogador do Benfica e atual treinador fez comentários que originaram um coro de críticas, o Governo moçambicano emitiu um comunicado em que intima o treinador português a abandonar o país no prazo legal de 48 horas.
A intimação, assinada pela ministra do Trabalho, Helena Taipo, esta quinta-feira, classifica o comportamento de Diamantino, de 54 anos, como "reincidente de falta de respeito, civismo e consideração aos valores consagrados quer na Constituição da República, quer na legislação ordinária em vigor no nosso país".
Diamantino Miranda, que cumpria a segunda temporada à frente do Costa do Sol, envolveu-se numa polémica, ao afirmar que "todos aqui são ladrões", durante uma discussão com jornalistas que cobriam um jogo entre a sua equipa e o Vilankulos F.C..
"Todos aqui são ladrões. Vocês são todos uma cambada de ladrões, você e outros jornalistas são pagos por um prato de sopa. Este país não é sério", disse Diamantino Miranda, segundo uma gravação de um canal de rádio que fazia reportagem da partida.
Após o incidente, o treinador foi preventivamente suspenso pela Liga Moçambicana de Futebol, enquanto aguardava o resultado de um inquérito aberto pela entidade que rege o principal campeonato de futebol moçambicano.
Em conferência de Imprensa convocada para dar a conhecer a sua posição sobre a polémica, os responsáveis do Ministério da Juventude e Desportos de Moçambique consideraram as declarações do técnico um "assunto de Estado, que ferem a dignidade dos moçambicanos", merecendo "medidas exemplares".
Esta quinta-feira, quando já era conhecida a ordem de expulsão, Diamantino Miranda pediu "desculpas ao povo moçambicano", considerando que houve "uma interpretação mal feita" das declarações que levaram ao cancelamento da sua licença de trabalho no país.
Numa conferência de Imprensa realizada esta quinta-feira em Maputo, Diamantino Miranda pediu desculpas "ao povo moçambicano": "Quero pedir desculpas pela interpretação mal feita que foi dada às minhas palavras a toda a gente e aos desportistas em geral, e, principalmente, àqueles que nada tem a ver com isso, ao povo moçambicano, que eu levo no coração", disse o técnico.
O técnico português afirmou que os moçambicanos sempre tiveram "grande consideração" por si, o que justificou a permanência por cerca de dois anos em Moçambique. "Quando surgiu a hipótese de vir para Moçambique nem olhei para trás. Parto com vontade de que a verdade seja reposta e que um dia possa regressar a Moçambique para vir trabalhar novamente", disse Diamantino Miranda.