Caminhada vitoriosa dos azuis e brancos chega ao fim após uma primeira parte de claro domínio e um segundo tempo em que a equipa do regressado José Mourinho teve mais intensidade.
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Ambiente frenético, um estádio a rebentar pelas costuras e uma rivalidade que se sentiu antes do apito inicial e que se estendeu bem para lá dos 90. O grande clássico da oitava jornada teve tudo menos golos, num duelo em que a vontade portista foi bem evidente na primeira parte e a intensidade encarnada ditou leis na segunda, mas o medo de perder superiorizou-se, claramente, à vontade de ganhar.
O regresso de José Mourinho, ao comando de um rival, ao recinto que o catapultou para a fama mundial foi brindado com assobios e insultos vários, num condimento extra de uma receita que não surpreendeu no arranque do encontro. Embalado por nove vitórias consecutivas entre campeonato e Liga Europa, o F. C. Porto quis vincar o estatuto de líder do campeonato, assumindo, de peito feito, o comando territorial concedido pelo Benfica. Mesmo sem o nível de risco que se viu, por exemplo, com o Estrela Vermelha, em que os centrais carregavam a bola, os dragões criaram perigo num calcanhar falhado de Gabri Veiga e, aos 34 minutos, todo o Dragão levou as mãos à cabeça. Cruzamento do trabalhador Samu, corte defeituoso de Otamendi e Pepê, no coração da área, a atirar por cima do alvo.
Mesmo em cima do intervalo, António Silva assinou dois cortes magistrais para negar a festa a Francisco Moura e Borja, com uma ajuda de Trubin, e apenas o descanso trouxe alguma acalmia ao vulcão da Invicta, que assistiu a uma segunda parte com as mesmas características, mas com papéis invertidos.
O Benfica passou a ter mais bola, o F. C. Porto esperou mais pelo erro do adversário e do banco surgiu a indicação que, caso não fosse possível vencer, o melhor era mesmo não perder. Francesco Farioli tirou Gabri Veiga e Pepê para apostar no músculo de Pablo Rosario - com o dominicano a ficar de olho em Richard Ríos - e na imprevisibilidade de William Gomes. Em cima da hora de jogo, após um livre lateral e um primeiro desvio, o corte de Kiwior só não resultou em autogolo porque a bola foi à barra da baliza de Diogo Costa.
Os lances de perigo eram raros, mas tudo poderia ter mudado ao minuto 90+2. Grande arrancada de Deniz Gul e o turco a tocar para Rodrigo Mora que, em arco, fez a bola embater com estrondo na barra de Trubin. Os ferros estragaram a festa do golo no clássico de todos os cuidados.