José Bernardes, suspeito de ajudar a desviar dinheiro do Benfica para fundo oculto, foi alvo de buscas em 2018.
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José Bernardes, o empresário que as autoridades suspeitam que é um testa de ferro do Benfica, num esquema destinado a retirar perto de dois milhões de euros da esfera do universo empresarial encarnado, possuía em casa uma agenda com nomes e contactos de árbitros, que foi apreendida pela Polícia Judiciária (PJ), aquando das primeiras buscas do processo Saco Azul, em 2018. Este facto deverá ser analisado pelos investigadores à luz das recentes perícias financeiras que revelaram pagamentos de José Bernardes ao ex-árbitro Bruno Paixão.
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O inquérito do "saco azul", dirigido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa, nasceu de um alerta do sistema de vigilância bancário. A saída de elevadas verbas do Benfica para empresas de dimensão reduzida como eram as firmas de Bernardes levantaram suspeitas e foram comunicadas à PJ.
O alerta inicial deu origem a buscas e, numa delas, à residência de José Bernardes - que através de três firmas tinha faturado perto de dois milhões ao Benfica -, as autoridades encontraram uma agenda com os contactos de árbitros. O facto de um empresário do ramo informático guardar dados de árbitros em casa levantou suspeitas aos inspetores que, na altura, apenas procuravam elementos de prova sobre as suspeitas de fraude fiscal.
Este processo, que já levou à constituição como arguido de Luís Filipe Vieira, do administrador Domingos Soares de Oliveira e do diretor financeiro Miguel Moreira, terá saído da PJ para o DIAP de Lisboa há mais de um ano. O "saco azul" versa apenas sobre crimes financeiros.
Porém, as recentes perícias apontaram novas suspeitas para corrupção desportiva, envolvendo Paixão, e é provável que se tenha efetuado uma separação de processo. O JN tentou ontem confirmar, junto de fontes judiciais, se as novas suspeitas deram origem a outro inquérito, mas sem sucesso.
Paixão já reconheceu, na TVI, ter recebido dinheiro de Bernardes, garantindo tratar-se de remunerações. O ex-árbitro, engenheiro de profissão, alega ter trabalhado na implementação de um sistema de controlo de qualidade numa empresa de Bernardes.