O ex-árbitro Bruno Paixão terá sido pago por empresa de informática suspeita de faturar milhões às águias, por serviços já prestados. A confirmar-se, clube corre risco de descida de divisão.
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O ex-árbitro Bruno Paixão está a ser investigado pela Polícia Judiciária (PJ) no processo conhecido por "Saco Azul" do Benfica. Segundo avançou a TVI na segunda-feira, o antigo juiz de primeira categoria recebeu milhares de euros de uma empresa de informática, à qual o clube encarnado pagou 1,9 milhões de euros em serviços de consultadoria que, para o Ministério Público (MP), foram fictícios.
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Se no processo se demonstrar que Paixão recebeu indiretamente dinheiro do Benfica para adulterar resultados desportivos, o clube poderá descer de divisão.
Inicialmente, a investigação concentrava-se sobre suspeitas da utilização de empresas de consultadoria informática de José Bernardes para fazer sair dinheiro do clube e assim constituir um "saco azul". O ex-presidente Luís Filipe Vieira, o diretor financeiro da SAD do clube da Luz, Miguel Moreira, e o administrador Domingos Soares de Oliveira já foram constituídos arguidos.
Serviços da Microsoft
De acordo com a investigação, os serviços faturados por José Bernardes ao Benfica serão fictícios. Já teriam sido prestados pela multinacional Microsoft. Por estas suspeitas, o empresário foi interrogado no passado mês de outubro. Terá justificado que os serviços da Microsoft eram diferentes daqueles que ele prestou.
No mesmo inquérito, segundo a TVI, foram recentemente realizadas perícias financeiras às empresas "Best for Business" e "Questão Flexível", de Bernardes. E foram assim detetados os pagamentos a Bruno Paixão.
Nasceu assim uma nova linha de investigação que versa agora sobre corrupção desportiva. É que enquanto ainda apitava jogos da Liga, Paixão poderá ter, de forma indireta, recebido milhares de euros, alegadamente provenientes do Benfica, via José Bernardes.
Controlo de qualidade
O JN tentou contactar na segunda-feira, sem sucesso, Bruno Paixão, que terá uma licenciatura em Engenharia. Porém, à TVI, o ex-árbitro disse desconhecer estar a ser investigado pela PJ. Admitiu ter recebido dinheiro da "Best for Business", onde o engenheiro terá trabalhado na implementação de um sistema de controlo de qualidade, o ISO 9001, justificou.
O Benfica emitiu um comunicado a garantir que no processo "Saco Azul" os advogados que representam o clube da Luz nunca foram confrontados com "quaisquer factos que envolvessem o nome de Bruno Paixão e/ou quaisquer acusações de corrupção desportiva".
"Tanto quanto é do conhecimento da Benfica SAD, no processo em causa as diligências de inquérito foram já concluídas, aguardando o processo apenas o despacho final que põe termo ao inquérito", adianta o comunicado do Benfica.
Caso seja provada a prática de corrupção desportiva, o Regulamento Disciplinar da Liga prevê a pena de descida de divisão. Se a punição for ratificada pela disciplina desportiva, o clube em questão pode recorrer para os tribunais civis. Numa primeira etapa, a queixa pode seguir para o Tribunal Arbitral do Desporto e a seguir para Tribunal Central Administrativo Sul.