Operação "Penalidade Máxima" investiga esquemas de apostas e segue a todo o vapor, ameaçando abalar os alicerces do futebol brasileiro. "É lamentável, mas o futebol vai sobreviver", diz Abel Ferreira, treinador português do Palmeiras.
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O futebol brasileiro vive dias de grande incerteza. Após o central Eduardo Bauermann, do Santos, e Richard, do Cruzeiro, serem afastados pelas respetivas equipas, por alegado envolvimento em esquemas de apostas, outros jogadores de diferentes equipas também foram afastados pelos clubes.
Gabriel Tota (Ypiranga-RS), Victor Ramos (Chapecoense), Igor Cariús (Sport), Paulo Miranda (Náutico), Fernando Neto (São Bernardo) e Matheus Gomes (Sergipe) também estão a ser investigados. Vitor Mendes (Fluminense), Richard (Cruzeiro), Nino Paraíba (América-MG), Dadá Belmonte (América-MG), Kevin Lomonaco (Red Bull Bragantino), Moraes Jr. (Juventude), Nikolas Farias (Novo Hamburgo), Jarro Pedroso (Inter de Santa Maria), Nathan (Grémio), Pedrinho (Athletico-PR) e Bryan García (Athletico-PR) estão citados no processo.
Quatro jogadores já admitiram a participação nos esquemas e fizeram acordos com o Ministério Público de Goiás (MP-GO) e, portanto, não serão indiciados no processo. São eles: Kevin Lomónaco, do Red Bull Bragantino, Moraes, que jogava pelo Juventude em 2022, Nikolas Faria, do Novo Hamburgo-RS, e Jarro Pedroso, que defendeu o São Luiz no Campeonato Gaúcho de 2023.
O caso levou à identificação de dezenas de arguidos, que terão aceite dinheiro em troca de serem penalizados com cartões amarelos durante as partidas.
O treinador português Abel Ferreira, do Palmeiras, comentou a polémica. "O futebol é maior que todas as polémicas e já tivemos tantas. Vai sobreviver. É lamentável, mas o futebol, para mim, é isto que vimos aqui (jogo contra o Grémio). Acredito que as entidades farão o seu trabalho de excelência. O futebol vai sobreviver", sintetizou, após o duelo com o Grémio (4-1), a contar para a quinta jornada do Brasileirão.
O caso
A Operação "Penalidade Máxima" teve início após uma partida entre Vila Nova, de Goiás, e Sport, de Recife, onde o jogador Romário, do Vila Nova, recebeu uma oferta de 27 mil euros para cometer um penálti. O atleta recebeu um valor inicial de 2 mil euros como garantia e o restante seria recebido após a grande penalidade.
Porém, Romário não foi convocado e tentou convencer os colegas de equipa a cometer o penálti, mas ninguém aceitou. O caso chegou ao conhecimento do presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo, que iniciou uma investigação. Bravo é policial militar e entregou os resultados ao Ministério Público de Goiás (MP-GO).
A primeira denúncia feita pelo MP-GO indicava a suspeição de três partidas da segunda divisão do Campeonato Brasileiro, a Serie B. O portal "GE" publicou que as suspeitas alargavam-se a outras partidas, o que transformou a operação em nacional.
A presente indicação é que 20 partidas, no mínimo, estão a ser averiguadas, inclusive da Serie A do Brasil. O líder do alegado grupo de apostadores, Bruno Lopes de Moura, já foi detido na primeira fase da investigação. Outras 16 pessoas estão a ser investigadas.