Extracomunitários podem participar pela primeira vez no circuito nacional de surf
A segunda etapa da Liga MEO Surf vai arrancar na Praia de Matosinhos com participações inéditas. Será a primeira vez que o circuito nacional contará com a presença de extracomunitários. Jéjé Vidal e Danilk Afonso, ambos são-tomenses, vão participar na prova, o que consideram "um sonho tornado realidade".
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A segunda etapa do circuito nacional de surf vai começar com uma novidade. Pela primeira vez, surfistas extracomunitários vão poder participar na maior prova nacional da modalidade. Jéjé Vidal e Danilk Afonso, ambos naturais de São Tomé, falam de um "momento histórico" para o seu país.
Jéjé chegou a Portugal em 2017, com o sonho de estudar e competir no circuito nacional de surf. Porém, as restrições na inscrição impediram o são-tomense de participar na Liga MEO Surf: "Afetou bastante a minha carreira. Eu vim para Portugal para estudar, e quando percebi que não podia ser inscrito no circuito nacional comecei a perder vontade, comecei a surfar por surfar, apenas. Quando é assim, não sentia pressão, fazia surf apenas para me divertir. Por causa disso, tenho de recuperar cinco anos o mais rápido possível, para poder competir com os outros surfistas. Comecei a treinar num ginásio perto de minha casa, e a surfar em blocos de 20 minutos, para me preparar para a prova. Quando se está a competir, é diferente, porque puxa-se muito mais, treina-se com a pressão de conseguir sempre as melhores ondas", conta o surfista de 24 anos.
Levantadas as restrições, Jéjé considera que a presença de dois são-tomenses constitui "um momento histórico" para São Tomé. "Estamos a viver um sonho".
Danilk Afonso vive na Figueira da Foz há três anos, e sempre teve como objetivo "chegar a Portugal e competir no circuito nacional". "Quando eu vim de São Tomé, poucas pessoas me conheciam. Esta é uma oportunidade para conhecer pessoas e aprender", afirmou.
A presença na Liga chegou mais cedo do que o previsto: "Na minha cabeça, só ia começar a competir em 2025, quando tivesse nacionalidade portuguesa, mas felizmente vou poder participar já".
Quanto às expectativas dos dois surfistas, ambos sublinham que querem elevar o nome de São Tomé. "Acima de tudo, espero ter um bom resultado, mostrar o meu surf e mostrar que existe qualidade em São Tomé", referiu Danilk.
Para Jéjé, surfar no circuito nacional é "um sonho tornado realidade", e um objetivo que tinha há cinco anos: "É o meu primeiro campeonato e quero desfrutar. Estou muito feliz, motivado, e com garra para competir. Independentemente do resultado, o mais importante é poder competir, aproveitar o ambiente. É como se fosse um sonho tornado realidade. Só posso estar grato por poder finalmente participar nesta competição. Há cinco anos, desde que cheguei a Portugal, que tinha este objetivo".
O levantamento das restrições na inscrição de surfistas extracomunitários será "positivo", na opinião de Danilk Afonso: "Não vejo lado negativo, só vejo vantagens. Ao abrir as inscrições aos extracomunitários, os portugueses vão ganhar motivação".
"A abertura a extracomunitários vai trazer competitividade e qualidade à competição, sem dúvida. Muitas pessoas que assistem ao evento vão ganhar curiosidade, o que vai trazer mais praticantes de surf. Também vai motivar os surfistas nacionais a fazerem cada vez melhor. O surf tem crescido bastante em Portugal, noto uma grande diferença em relação a quando cheguei, em 2017. Hoje em dia, vê-se muito mais pessoas na água", afirmou Jéjé.
A segunda etapa da Liga MEO Surf arranca esta sexta-feira e termina no domingo. Na primeira prova do campeonato, na Figueira da Foz, Guilherme Ribeiro e Gabriela Dinis foram os vencedores.