<p>Mesmo sem tradição de êxito em terras inglesas, e ainda na ressaca de dois resultados que deitaram tudo a perder na luta pelo penta, o F. C. Porto tem hoje, terça-feira, uma grande oportunidade para dar um safanão na crise. O Arsenal é, porém, um teste muito difícil de superar.</p>
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"Esqueçam a Liga portuguesa. Isto é a Champions". Poderia ser perfeitamente assim o início da conversa que Jesualdo Ferreira terá hoje com os jogadores do F. C. Porto, antes da segunda mão da eliminatória com o Arsenal. Há três semanas, os dragões ganharam em casa, por 2-1, mas muita coisa má para as cores portistas aconteceu entretanto... O campeonato nacional está praticamente perdido e mesmo o segundo lugar é uma hipótese longínqua, mas passar, pelo segundo ano consecutivo, aos quartos-de-final da Liga dos Campeões, eliminando pelo caminho uma das equipas mais fortes do futebol europeu, poderia ajudar a começar a salvar a época.
A equipa de Jesualdo tem pela frente o Arsenal, mas também a história: o F. C. Porto nunca ganhou, nem nunca fez um jogo sem sofrer golos, em Inglaterra. Talvez por isso, o treinador português disse ontem, de forma peremptória, que será preciso marcar para passar, permitindo a conclusão fácil de que o 0-0 não é um resultado plausível. Mas a tradição tem outra face, mais positiva para os dragões: há 30 anos que a equipa portista não é afastada numa eliminatória das competições da UEFA depois de ganhar o primeiro jogo em casa. Foi na segunda ronda da Taça UEFA de 1980/81 que tal sucedeu, quando os dragões ganharam nas Antas, por 2-0, ao Grasshopper, perdendo depois na Suíça, por 3-0. Desde que a Champions existe em forma de liga milionária, o sabor amargo de uma derrota fora na segunda mão nunca foi provado pelos azuis e brancos.
Para que tal não aconteça hoje, o F. C. Porto terá, no entanto, de fazer muito mais do que nos recentes jogos com Sporting e Olhanense. Uma exibição do mesmo género equivale a derrota garantida, provavelmente pesada. Sem Fernando, e perante a notória falta de eficácia de Tomás Costa na posição seis, Jesualdo Ferreira poderá operar uma mudança, colocando Raul Meireles a trinco e lançando Guarín para o combate com os poderosos médios do Arsenal. A equipa portista já sabe que não precisa de se preocupar com Fàbregas, mas a qualidade do plantel do Arsenal é tanta que não será certamente a ausência do espanhol a dar horas de sono a Jesualdo...