<p>O F. C. Porto fechou o Grupo L da Liga Europa sem derrotas. Frente a um frágil CSKA de Sófia deu música. Venceu por 3-1, com golos de Otamendi, Rúben Micael e James. Mas podiam ter sido mais. Porque Falcao falhou um penálti e o guarda-redes búlgaro foi enorme.</p>
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Maicon. Perante um adversário macio, o defesa central esteve nervoso e cometeu dois erros que podiam ter custado caro ao F. C. Porto. Se havia dúvidas, ontem ficaram esclarecidas: Otamendi merece o lugar no eixo da defesa. Souza, uma novidade no onze, passou ao lado do jogo. O brasileiro nem sempre se revelou eficaz no passe.
Fucile. Esta época tem sido um jogador irregular, mas ontem exibiu-se em grande nível. Fez o corredor direito e assinou cruzamentos venenosos. Belluschi foi o maestro no meio-campo e Walter mostrou créditos no ataque. James Rodríguez esteve discreto, mas marcou um belo golo. Há ainda um herói: o guarda-redes M' Bolhi. Belíssima exibição.
Otamendi, o jogador que marcou, ontem, o 300.º golo do F. C. Porto no Estádio do Dragão ter-se-á lembrado dos tempos da adolescência. Quando praticava boxe na Argentina e dançava no ringue, esquivando-se do adversário. Porque o CSKA de Sófia foi um autêntico saco de boxe. Longe da inspiração técnica que caracterizava Emil Kostadinov, o actual director-desportivo da equipa e antigo avançado portista. Sofreu na pele as mecanizações e as triangulações curtinhas dos dragões, aquele futebol sedutor que encanta a plateia mais exigente. Como diz o técnico do Áustria de Viena, os azuis e brancos são um miniBarcelona. Sabem seduzir.
Numa noite gelada, num estádio quase despido, deu para ver a diferença entre duas equipas de esferas bem diferentes. O F. C. Porto parece um conjunto deslocado numa prova tão insípida como a Liga Europa. Tem futebol para muito mais, tem qualidade para as exigências da Liga dos Campeões. Não há dúvidas. Mesmo que apresente soluções alternativas com Souza, Walter e James Rodríguez no onze. E mesmo que proteja no banco os diamantes como Hulk e João Moutinho, os dragões nunca abdicam da sua identidade. Ter a bola, trocá-la bem e focar os olhos na baliza. Esse é um dos grandes méritos de Villas-Boas.
O jogo só não conheceu números mais escandalosos porque o F. C. Porto nunca acelerou. Fez um desafio inteligente, muito bem conduzido por Belluschi e Rúben Micael, mas sem baixar a guarda. Walter e João Moutinho mandaram bolas ao ferro, o guarda-redes M' Bolhi defendeu um penálti de Falcao e cotou-se como um dos melhores jogadores em campo. Por isso, o resultado ficou-se no 3-1. Caso contrário, o Dragão podia ter assistido a uma goleada à moda antiga. Ao intervalo, os portistas já venciam por 1-0 com um golo de Otamendi, na sequência de um canto.
Na verdade, os búlgaros só fizeram cócegas. Ainda empataram no início da segunda parte, numa jogada a dois toques, bem finalizada por Delev. Mas nem isso beliscou o adversário. Seis minutos depois, Rúben Micael repunha a justiça no resultado, depois de um livre marcado por James Rodríguez. Nos descontos, mesmo sem encantar, o colombiano fazia o 3-1 num remate cruzado. Foi o 35.º jogo consecutivo sem perder e há muito que os 16 avos da Liga Europa eram uma realidade. E, ontem, numa noite fria, o F. C. Porto soube aquecer a alma dos adeptos. Como tanto gosta.