Em Inglaterra, Fábio Carvalho começou a brilhar no Balham. No primeiro treino, "dez segundos" chegaram: "Foi um show".
Corpo do artigo
A vida mudou muito desde que chegou a Inglaterra. A carreira, então, nem se fala. Mas há coisas que não só não se perderam, como ele faz questão de conservar. Mesmo ultimamente, quando brilhava no Fulham e tinha caminho traçado até Anfield, o agora jogador do Liverpool deslocava-se até às instalações do Balham FC, um pequeno clube que nasceu em 2011 e que está decisivamente ligado à evolução de Fábio Carvalho até ao topo do futebol inglês. Ao JN, o amigo Pedro Soares, na altura treinador do Balham, recorda o dia, em 2013, em que nasceu o "Fabulous Fabs". "Os pais contactaram-nos e dissemos para eles trazerem o miúdo que depois logo se via. Mas aos primeiros toques na bola, uau! Foi um show de dez segundos".
As pessoas do Balham FC não foram, contudo, as primeiras a ficarem de boca aberta. O mesmo já havia acontecido em Chelas, onde um campo de cimento no bairro da Zona J o obrigou a crescer mais rápido para se bater com amigos mais velhos, e no Benfica, o primeiro clube que se rendeu aos encantos de Fábio Carvalho. A vida, no entanto, não era famosa (a troika andava por cá) e os pais concordaram que o futuro seria mais risonho em Londres. Durante duas épocas, o "Fabinho" desenvolveu-se no Balham, a jogar "em parques". Mas o nome começou a circular. "Lembro-me de um torneio em que chovia torrencialmente, mas só se via pessoas a ir para o campo três por causa do Fábio", conta. "Todos os clubes à nossa volta queriam vê-lo".
Chelsea? Arsenal? Não...
O Crystal Palace sondou, o Arsenal e o Chelsea foram mais agressivos nas abordagens. "Andei sempre com os pais nas negociações, fazia de tradutor", diz Pedro Soares, a viver em Londres há 25 anos, lembrando que "o Chelsea chegou a ter a papelada toda preparada". "Mas as prioridades dos pais do Fábio eram a educação, o transporte e um contrato de longa duração. Nenhum deles oferecia isso, por isso recusaram".
Acabaria por ser o Fulham a convencer. "Até meteram o Luís Boa Morte ao telefone para falar com o Fábio! Foi o clube que apresentou o melhor projeto. Um bom plano de desenvolvimento pessoal, ofereceram um contrato de quatro anos e garantiam transporte e academia escolar. Agora, prova-se que não estávamos errados", salienta.
Um dia antes de ser apresentado no Liverpool, Fábio e a família estiveram com aquele que foi tradutor, empresário, consultor, confidente, amigo. "Se vai vingar? Preparem-se!", avisa Pedro Soares.