Farioli e o clássico: "Podemos ter o melhor plano possível, mas sem fogo não adianta"
O treinador do F. C. Porto, Francesco Farioli, fez a antevisão do clássico deste domingo (21.15 horas) com o Benfica, e garantiu que a equipa está preparada apesar de se tratar do terceiro jogo em seis dias. Sobre a virose que atacou o plantel das águias, o italiano revelou que também esteve doente nos últimos dias e fez questão de devolver o abraço a José Mourinho.
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É um jogo grande com um adversário que tem um novo treinador. Teve pouco tempo de preparação e, assim sendo, o que se pode esperar do clássico?
Tentamos preparar o jogo com muito potencial, vimos os últimos quatro jogos do Benfica, mas fomos mais longe do que isso, com referências dos tempos de Mourinho em Inglaterra. Temos de tentar perceber o que vai acontecer. Não foi a melhor preparação possível, por causa do pouco tempo, mas vamos dar o nosso melhor frente a uma equipa, de Champions, com um grande orçamento.
Tendo em conta as poupanças que fez na Liga Europa, Mourinho sabe, provavelmente, o 11 que o F. C. Porto vai apresentar. Tem essa ideia em relação ao Benfica?
Eles jogaram na terça-feira e tiveram quase uma semana para preparar. Nós jogamos segunda à noite em Arouca e tivemos menos tempo. O cenário é diferente, mas é o futebol e não vamos usar isso como desculpa. Tivemos uma boa conversa com os jogadores e todos treinaram bem.
Mourinho mandou-lhe um abraço na conferência e elogiou o futebol do F. C. Porto. Os "mind games" de Mourinho ainda são importantes? Além disso, Rui Costa disse que Benfica não ia perder no Dragão...
Devolvo o abraço e amanhã terei o prazer de lhe apertar a mão. Há coisas táticas, técnicas, pessoais, de dinâmica dos clubes, muitas coisas que se envolvem. Mas a realidade é que o jogo de amanhã é muito importante para nós e temos de estar preparados. Queremos o espírito certo para conseguirmos o melhor. Podemos ter o melhor plano possível, mas sem fogo não adianta nada. Há três resultados possíveis, percebo a razão pela qual o Rui Costa diz o que disse: os dois jogos do ano passado custaram muito ao F. C. Porto. Vamos tentar deixar os nossos adeptos felizes.
Considera que o Benfica poderá estar mais fraco por causa da virose?
Quero dizer, e não estou a brincar, que ontem estive no treino com 38 graus de febre e ando há três dias a tomar comprimidos. Mourinho disse que não teve tempo preparar equipa? Estamos a falar de um dos treinadores mais bem sucedidos, com muitos troféus, julgo que 26, grande palmarés e uma grande personalidade do futebol. O que ele representa para o futebol é claro, é uma referência para mim também e, por isso, tem todo o meu respeito. Fez um grande trabalho em Roma, ganhando a Liga Conferência e sei bem o quão difícil é competir na Turquia. A prioridade é o que vamos fazer amanhã, tenho o feeling que não vamos defrontar o Mourinho, mas sim o Benfica. A mente tem de estar conectada com a dinâmica do jogo, com os quatro ou cinco cenários que podem surgir e estar pronto para tudo. Frescura nas pernas e nos pulmões, é o que precisamos.
Mourinho falou muito do seu trabalho, lembrando que teve a oportunidade de fazer a pré-época com a equipa, mas disse que o F. C. Porto não é favorito...
Concordo com ele...
É um jogo decisivo para o campeonato?
É importante, não podemos negar essa evidência, mas ainda faltam muitos jogos e, por isso, é importante.
As equipas de Mourinho estão, normalmente, confortáveis com uma postura mais expetante. Tendo em conta isso, o que espera do Benfica?
No passado recente, o jogo no Chelsea é o exemplo perfeito de vários cenários ao longo de um jogo. Uma das principais características das equipas de Mourinho é serem camaleónicas, às vezes mais pressionantes, noutras mais expectantes. Como disse, há muitos cenários e temos de estar preparados, até, para algo inesperado. O mais importante é como os nossos jogadores vão estar preparados e a rapidez com que tomarem as decisões em campo.
Após o jogo com o Estrela Vermelha, disse que foi a primeira vez na carreira que ouviu os adeptos aplaudir após a equipa sofrer um golo. Quão importante tem sido esse apoio?
Desde que cheguei, e para não me repetir muito, lembro-me bem do espírito que senti no Olival, no Dragão... senti muita confiança desde o primeiro dia, algo que não merecia porque ainda nem sequer tinha dado o primeiro treino. Isso dá uma responsabilidade extra e tem crescido dia a dia. O apoio tem sido incrível, tanto nos jogos em casa como nos jogos fora. Os adeptos estão connosco e isso exige ainda mais de nós: mais paixão, mais coragem, porque é isso que eles querem de nós e o que nós lhes queremos dar. Vamos jogar com todas as nossas cartas.
A forma como a vitória frente ao Estrela Vermelha foi conseguida, com um golo perto do fim, ajuda ao espírito da equipa?
Sim e não. Preferia ter fechado o jogo na primeira parte. Uma vitória no último minuto pode dar muito, mas também pode fazer com que não tenhamos os pés bem assentes no chão. Amanhã temos de ter isso, porque vai ser muito exigente física e mentalmente. Tentamos refrescar a mente e o corpo nestes últimos dois dias e preparar um jogo de enorme importância. Não sei se vai ser suficiente, mas acredito que vamos estar com a mente limpa e ainda mais fome de atacar. Não sei se a vitória tardia nos ajudou ou não.
É possível ter a equipa em condições perfeitas depois de dois jogos em tão pouco tempo?
O calendário não ajudou porque três jogos em seis dias não é algo desejável, mas é a realidade. O envolvimento do grupo tem sido muito bom e positivo e os bons resultados devem-se à ajuda de todos os jogadores. Isso permite escolher o melhor 11.
Se ganhar o clássico, passa a ser o treinador com melhor arranque do F. C. Porto no campeonato. Vive o melhor momento da carreira?
Para já isso começa com um "se" e isso impede-me de responder de imediato. Os recordes pessoais não contam muito, porque isto é o trabalho de muita gente no clube: departamento médico, equipa técnica e, como estive doente nestes últimos dias, eles (adjuntos) ajudaram muito na minha ausência. É uma boa fotografia do que o Porto é, uma cidade de pessoas que vão trabalhar muito cedo e chegam cansados, à noite, junto da família. É isso que queremos para representar as pessoas e não com recordes pessoais.
Martim Fernandes está castigado. O Alberto Costa pronto para os 90 ou pode usar Pablo Rosário a defesa direito?
Há várias possibilidades. O Alberto está pronto e o Pablo recuperado dos 90 minutos que fez na Liga Europa. Amanhã vemos.