Um espetáculo de cor e movimento criado por seis centenas de drones foi o ponto alto da cerimónia inaugural de um dos maiores navios de cruzeiro do mundo, domingo em Doha, exatamente uma semana antes do arranque do Mundial de futebol. Uma festa em que participaram dois irmãos do emir e outros membros da família real e do governo, e em que o chairman do "Turismo do Catar" atacou o que diz serem fake news contra o país. "Quando o torneio acabar, cada cidadão catari vai erguer-se um metro mais alto do que hoje", afirmou Abkar Al Baker perante mais de 300 jornalistas dos quatro cantos do mundo.
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Com capacidade para 6334 pessoas, dezenas de restaurantes e bares, equipamentos de animação e lazer, piscinas e uma ampla promenade a ligar os passageiros ao mar, o gigante MSC World Europe vai ficar estacionado em Doha até final de dezembro. De modo a responder ao pico de procura por mais de um milhão de adeptos durante o Mundial, este e mais dois navios foram fretados pelo emirado para funcionarem como hotéis na capital. Nesta altura a ocupação para as próximas semanas ronda os 91%.
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A parceria "óbvia" entre a empresa de cruzeiros MSC e a companhia estatal "Qatar Airways" foi celebrada na cerimónia inaugural, em que coube à irmã do emir, Sheikha Hind Bint H. Al Thani, fazer a chamada nomeação do navio. Na festa com vários momentos tecnológicos, videomapping, fogo de artifício e música por Matteo Bocelli (filho de Andrea Bocelli) e por um coro infantil local, houve vários recados políticos. Hassan Al Thawadi, secretário-geral da entidade organizadora da prova da FIFA, salientou a importância de mostrar a cultura catari ao mundo, assegurando ser "muito mais o que nos une do que o que nos separa".
Mas o mais contundente foi Abkar Al Baker, que entre outros cargos acumula a pasta do Turismo com a liderança da "Qatar Airways". Depois de terem sido apresentados às duas mil pessoas na assistência dados sobre a companhia e sobre a importância da aliança com a MSC para "diversificação da oferta turística" do Catar, Abkar Al Baker quis dizer algo "com o coração". Afirmou que com a cerimónia Doha foi, domingo, e será nas próximas cinco semanas o centro do mundo, apesar de toda a "publicidade negativa" da imprensa internacional. Atacou o que alega serem "fake news" para denegrir o país e previsões de que a organização do Mundial irá falhar, garantindo que o inverso permitirá ao país sentir-se orgulhoso, cada cidadão "um metro mais alto do que hoje".
Horas antes, também ontem, o chairman do "Turismo do Catar" tinha participado numa conferência de imprensa para os jornalistas de mais de 70 países, organizada no interior do navio. Referindo-se à parceria com a MSC e à festa "fantástica" em que os jornalistas iriam participar, fez questão de recordar que estes estavam ali a convite da "Qatar Airways". E quando um deles lançou uma pergunta com contornos políticos, a resposta foi imediata e seca: "Estamos a falar de turismo, vamos manter isso assim".