A influência de Artur Jorge (Braga) e Sérgio Conceição (F. C. Porto), que se vão defrontar na final da Taça de Portugal, levou-os a praticar futebol bem cedo.
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Ser jogador da bola é um sonho de muitas crianças. Nem sempre se concretiza, nem um herdeiro consegue trilhar os passos do pai. Há quem prefira não seguir a profissão, por força da pressão de ser sistematicamente comparado ao próprio progenitor. Com Artur Jorge e Sérgio Conceição, treinadores de Braga e F. C. Porto, equipas que amanhã se defrontam no Jamor, na final da Taça de Portugal, o bichinho da bola ainda não envolve três gerações como por exemplo os Maldinis em Itália, mas a paixão já passou de pais para filhos.
Sérgio Conceição, pai de cinco filhos, é caso paradigmático. Todos jogam futebol e os quatro mais velhos são profissionais. Francisco Conceição, que em 2021/22 ajudou o F.C. Porto a ser campeão nacional e a vencer a Taça de Portugal é o que tem maior projeção. Foi transferido, no verão passado, para o Ajax, dos Países Baixos, por cinco milhões de euros (valor da cláusula de rescisão) e tem dado nas vistas no clube de Amesterdão, onde soma 35 jogos. Mas a transferência deu que falar e obrigou Pinto da Costa a serenar as hostes, resistindo à pressão e frisando que o clube é dirigido de dentro para fora.
Rodrigo Conceição, segundo filho mais velho de Sérgio, integra nesta época o plantel do F. C. Porto. À exceção da equipa A já representou vários escalões do Benfica, mas agora é opção do pai e soma 25 jogos.
Sérgio Conceição, o mais velho dos cinco, voltou na segunda metade desta época a Portugal, ingressando no Portimonense, após experiência na Bélgica (RFC Seraing), e somou apenas quatro jogos. Já representou mais de uma dezena de equipas, quase todas em Portugal, mas nunca esteve nos dragões.
Moisés, o quarto do clã, integra o Leixões, da Liga 2, onde somou 11 jogos. Teve apenas uma passagem episódica pelos sub-17 do F. C. Porto (2017/18) e nunca jogou fora do país.
José, o mais pequeno dos irmãos, de oito anos, joga nas escolinhas portistas.
Drama após derrota
"Todos os meus filhos cresceram num ambiente de respeito e dedicação a este clube", frisou, no início desta época, Sérgio Conceição, após conquistar a Supertaça. A envolvência familiar nem sempre tem corrido bem e já levantou problemas ao técnico, como aconteceu na fase inicial desta temporada quando os dragões foram goleados em casa pelos belgas do Brugge (0-4) e a viatura onde seguia a mulher e alguns dos filhos foi apedrejada, à saída do Dragão.
O técnico reconheceu publicamente, em janeiro passado, o papel da esposa Liliana. "Diariamente dá o Norte à minha e às nossas vidas", escreveu o próprio, nas redes sociais, felicitando-a pela passagem do 45.º ºaniversário. Meses depois, no Dia da Mulher, mais elogios: "(...) Não tem emprego, por assim dizer, mas trabalha mais do que eu e os meus filhos juntos", escreveu Sérgio Conceição, nas redes sociais.
Ao colo da mãe no Jamor
No Braga, Artur Jorge apenas incutiu o bichinho do futebol no filho, que também se chama Artur Jorge e é central, como foi o pai. O treinador tem ainda duas filhas, que não estão ligadas à modalidade. Bárbara é médica dentista e está grávida, enquanto Maria estuda comunicação, na Universidade do Minho. O técnico já tem um neto, que também se chama Artur e é filho do jogador.
Atualmente a jogar no Al Bataeh, dos Emirados Árabes Unidos, Artur Jorge tem uma ligação sentimental forte ao Braga, com destaque para dois momentos que ali viveu: primeiro quando foi orientado pelo próprio pai, nos juniores A (2012) e depois quando se estreou na equipa principal, pela mão de José Peseiro (2016/17). Feliz, o pai considerou, então, que o filho tinha um estilo muito parecido com o dele. Mas, ao contrário do progenitor, não fez carreira consistente no clube, com o qual se desvinculou em 2018.
Há sete anos, quando o filho se estreou pelo Braga, o atual técnico braguista disse julgar tratar-se de uma situação inédita no clube, com pai e filho a chegarem à equipa principal. Certo é hoje, Artur Jorge filho será certamente mais um adepto a torcer pelo Braga, como sucedeu em 1997/98, quando o pai defrontou, como jogador, o F. C. Porto e perdeu (1-3), numa final que viu ao colo da mãe...
A propósito, entre a claque estará a mulher do treinador, Maria José Marques, que é diretora geral de uma empresa do ramo vinícola, com sede em Braga. Ainda esta semana, nas redes sociais, a esposa de Artur Jorge expressou o contentamento, pelo terceiro lugar obtido pela equipa na Liga, sob o comando do marido. "O mérito é todo teu. Estás de parabéns e eu tenho muito orgulho em ti", realçou.