Joga na Escola de Futebol 115 e fez a formação no F. C. Porto, onde atuou ao lado de Jorge Costa e Rui Jorge. Tem 49 anos e só a realização de um sonho o fará pendurar as chuteiras.
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Se a idade é um posto, Delfim Freitas tem lugar cativo. Aos 49 anos, joga na Escola de Futebol 115, sendo o jogador mais velho da A. F. Porto. O defesa central já teve um passado profissional e soma a 23.ª temporada como futebolista, apesar de uma interrupção de oito épocas pelo meio.
Com idade para ser pai de muitos dos colegas e adversários na 2.ª Divisão Distrital, Delfim Freitas tem no "prazer pelo jogo" a maior motivação para continuar a fazer o que mais gosta. A experiência ajuda a colmatar as lacunas originadas pelo passar dos anos e só o sonho de subir de divisão o levaria a "pendurar as botas". "O plantel sabe distinguir quando estou a falar na condição de diretor ou de jogador", adianta, sendo da família dos fundadores. "A idade não é um problema. Quando subirmos de divisão vou parar", revela o antigo médio, obrigado a recuar no campo por força das circunstâncias da idade.
Formado no F. C. Porto, Freitas jogou na Liga 2 ao serviço do Rio Ave e Maia, entre outros, e chegou a terminar a carreira, em 2006/07, mas um projeto de família (ver caixa) levou-o a voltar a jogar em 2015/16. "Inicialmente era só para fazer uns minutos e ajudar com a minha experiência, mas como o corpo respondeu bem, fui sempre esticando a corda. Nos primeiros tempos custou voltar, mas agora já jogo os 90 minutos", explica.
Numa carreira sénior iniciada há 30 anos, Freitas só não foi guarda-redes, de resto jogou em todas as posições. Foi nas camadas jovens e com a camisola do F. C. Porto onde competiu com os melhores. "Fui colega de Jorge Costa e Rui Jorge na formação do F. C. Porto e joguei contra Luís Figo, quando ele estava no Sporting", conta Freitas, campeão nacional pelos juniores dos dragões e que promete celebrar meio século como jogador de futebol.
Um dos motivos preponderantes para o regresso de Delfim Freitas à prática desportiva foi a Escola de Futebol 115, uma equipa que milita nas competições da A. F. Porto. Inicialmente o clube funcionava como uma escola, até se tornar num projeto mais competitivo. "O meu pai é o presidente, a minha mãe é vice-presidente e os meus dois irmãos fazem parte da equipa técnica [treinador e adjunto]. As assembleias gerais do clube são feitas à mesa, nos nossos jantares de família. É algo gratificante", explica o jogador. O futebol corre no sangue de Delfim, uma vez que o pai é Fernando Freitas, jogador do F. C. Porto de 1976/77 a 1982/83, carismático defesa central que agora tem 74 anos.