As conclusões do estudo "Raio-X", revelam que os clubes de futebol não profissional, afiliados na A. F. Porto, movimentam dez milhões de euros, por ano, entre Liga 3, Campeonato de Portugal e futebol distrital. Também ficou claro o papel das autarquias na vida dos emblemas, uma vez que são o principal garante do futebol associativo. Para este estudo, contribuíram 143 clubes, traduzidos em 90% de aderência ao inquérito realizado.
Corpo do artigo
Tendo em consideração que as bilheteiras e patrocínios, na maioria dos casos, são reduzidos para a gestão de um clube, as Câmaras Municipais assumem um papel fundamental nos emblemas da A. F. Porto. O estudo mostra que 94% dos inquiridos recebem verbas por parte destas entidades, sendo que 69% admite ser a principal forma de garantir a continuidade das instituições.
O "Raio-X" centrou-se na análise de quatro grandes eixos: Orçamento e Sustentabilidade; Recursos Humanos e Estrutura Organizacional; Infraestruturas e Condições e Presença Digital. Se no primeiro parâmetro verificamos uma enorme dependência das autarquias, a questão ligada aos dirigentes promete bastantes mudanças.
A captação de recursos humanos é uma dificuldade reconhecida, verificando-se uma forte carência. Mais de metade dos emblemas da A. F. Porto (53%) não tem nenhum funcionário, sendo que nos clubes onde se verifica a existência destes elementos, apenas 49% são remunerados. A falta de preparação destes elementos é também uma preocupação, uma vez que 72% dos emblemas atesta a necessidade de formação especializada.
Nos alvos de análise também se verifica que apenas um em cada quatro colaboradores são do sexo feminino. Contudo, o futebol feminino é uma das grandes apostas da maioria dos emblemas, uma vez que os números mostram a vontade de 85% dos inquiridos em investir no futebol feminino nos próximos cinco anos.
A questão das infraestruturas é uma grande fragilidade entre os clubes analisados no "Raio-X", pois apenas 63% tem instalações próprias e isso é um dos principais alvos de mudança contemplados no plano de ação da A. F. Porto.
Quanto à presença digital, assumiu papel principal na forma de comunicação dos emblemas da A. F. Porto, pois 98% dos clubes tem redes sociais. Além da utilização mais básica, 48% já usa as vias digitais como principal meio de comunicação, sendo que 46% também transmite os seus jogos através desta plataforma.
Trabalho para mudar paradigma
Feita a análise, a A. F. Porto traçou um plano para suprir as carências detetadas e ajudar à evolução dos clubes.
Para combater a falta de recursos humanos será criado um gabinete estratégico e de serviço centralizado aos clubes. Este departamento terá o apoio de uma plataforma de conhecimento e qualificação, para formar os dirigentes e torná-los mais capacitados para lidar com os problemas do dirigismo desportivo amador.
Além destas medidas, a A. F. Porto pretende ajudar na melhoria das infraestruturas dos clubes, em sintonia com as Câmaras Municipais.