Jogador norueguês perdeu a visão num acidente com um engenho pirotécnico, foi submetido a 11 intervenções cirúrgicas e, 14 meses depois, participou num jogo da equipa principal do Galatasaray.
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Mais de um ano depois, Omar Elabdellaoui voltou aos relvados, mas esta não é apenas mais uma história de superação. O internacional norueguês, nascido em Marrocos, perdeu a visão na passagem do ano de 2020/21, após um engenho pirotécnico ter explodido na sua face. 14 meses depois, com uns óculos a protegerem-lhe os olhos, regressou para mostrar que os milagres, os da ciência e os demais, podem mesmo acontecer.
O que era para ser mais uma noite de festa transformou-se, numa fração de segundos, num momento definidor na vida de Elabdellaoui. Durante os festejos de mais um 'reveillon', a explosão de um engenho pirotécnico desfigurou-lhe a face de tal modo que quando o seu irmão, Rashid, o foi visitar ao hospital não foi capaz de o reconhecer.
"A minha cara estava carbonizada, por causa da pólvora. A dada altura, agarrei o braço da médica e pedi-lhe para me dizer a verdade. Ela disse-me que o meu olho esquerdo não parecia preocupante, mas quanto ao direito não sabia", contou o jogador, de 30 anos, ao jornal britânico "The Guardian".
Aos poucos, Elabdellaoui foi recuperando a visão do olho esquerdo, mas o estado em que ficou o direito tornava a situação muito delicada. Acabaria transferido para o Cincinnati Eye Institute, nos Estados Unidos da América, onde foi submetido a um transplante de córnea, para o qual contribuíram a irmã e um dador anónimo.
As possibilidades de recuperar a visão no olho direito não ultrapassavam os 10%, disseram-lhe. O médico responsável pelo caso, Edward Holland, chegou a confessar que a lesão sofrida por Elabdellaoui era quatro vezes pior da de um soldado americano que ficou cego devido a uma bomba no Afeganistão, assinala o The Guardian.
As probabilidades estavam contra si, mas o internacional norueguês agarrou-se a elas com todas as forças. "Foi o paciente mais motivado que alguma vez tive", confessaria Edward Holland. Elabdellaoui foi submetido a um total de 11 intervenções cirúrgicas, que englobaram a reconstrução da pálpebra e do próprio olho, tratamentos que foram financiados pelo Galatasaray. Pelo meio, cumpria sessões para manter a forma física. "Elas salvaram-me, mantiveram-me vivo", desabafou.
O dia em que voltou a ver do olho direito "foi muito especial", recordou. "Só quem passou por isto pode realmente perceber. Foi um milagre, um sonho tornado real", acrescentou. Meio ano depois, Elabdellaoui regressava a casa. Em janeiro deste ano, foi reintegrado nos trabalhos do plantel principal do Galatasaray e, ontem, voltou a disputar um jogo oficial. "Nunca irei esquecer tudo isto. É uma cicatriz que estará comigo para sempre".
PS: O Galatasaray venceu o Goztepe por 3-2, para a 26.ª jornada da Liga turca. Alguém se perguntou pelo resultado do jogo enquanto lia esta história?