Tiago Lopes, ginasta e treinador do Ginásio Clube Vilacondense, conquistou os diretores artísticos da companhia de circo canadiana e vai integrar o elenco do espetáculo "Messi 10", uma das várias produções do Cirque du Soleil.
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Está há quatro semanas em Riade, a capital da Arábia Saudita, a fazer formação para, ainda este mês, se apresentar no espetáculo "Messi 10", do Cirque du Soleil. A notícia de que o vilacondense Tiago Lopes, de 28 anos, iria integrar a maior companhia de circo do mundo surgiu há apenas poucos dias e só depois do anúncio oficial que dava conta que o espetáculo, dedicado ao jogador argentino Lionel Messi, ia retornar após ter sido interrompido pela pandemia de covid-19. E tudo por causa do contrato que obriga os artistas do Cirque du Soleil a um "dever de sigilo" até ordem em contrário.
O repto para viver uma experiência na maior companhia de circo do mundo foi lançado ao ginasta de trampolins ainda em junho deste ano pelo treinador brasileiro Rodolfo Rangel. "Antes, em março, ele já me tinha perguntado se eu estava a gostar da experiência com o circo que estava a ter no Instituto Nacional de Artes do Circo, em Vila Nova de Famalicão", começa por contar ao JN o jovem ginasta.
Na altura, aquele profissional, que já tinha sido técnico do Cirque do Soleil, não lhe soube adiantar qual o espetáculo para o qual estavam a contratar. "Disse-me apenas que estavam a precisar de artistas para trampolim e eu disse-lhe, obviamente, que sim, que estava interessado", adianta.
Mais tarde, acabou por ser contactado por um diretor artístico do espetáculo "Messi 10", uma das várias produções daquele circo mundial, em inícios de julho e via Facebook, para agendar uma reunião por Zoom. Todo o processo de recrutamento, que incluiu o envio de uma série de vídeos "para validação", seria depois bastante célere. Na segunda semana de agosto, Tiago estava a assinar um contrato de seis meses com a companhia circense.
A mudança para a Arábia Saudita aconteceu em outubro e, para já, tem previstas apresentações em Riade e em mais três cidades daquele país. No entanto, na calha poderá estará ainda uma tour pelo Médio Oriente, em 2022, e exibições em Buenos Aires, na Argentina, em 2023.
"Antes da pandemia de covid-19, os contratos davam para uma tour toda. Agora, nem eles sabem muito bem o futuro. Já tenho o plano feito até 2023, mas não te contratam até essa data porque é tudo muito incerto", esclarece.
O jovem de 28 anos não é, atualmente, o único português neste espetáculo. Dele, fazem ainda parte o acrobata e performer Amadeu Neves, que já participou em vários espetáculos do Cirque du Soleil, e ainda o lusodescendente Renato Dias, que se encontrava no elenco inicial da atração antes de ser precocemente interrompida pela pandemia.
Ao todo, 46 artistas de várias nacionalidades integram o "Messi 10", uma exibição que na sua essência não é uma biografia, mas um tributo (de 90 minutos, como a duração de um jogo de futebol) às características e qualidades do futebolista argentino.
Atualmente, Tiago está na fase das aprendizagens e das adaptações. "São as coreografias, são as montagens de material em palco, que são os artistas que as fazem, são as maquilhagens, que têm sido o desafio. Está a ser um pouco duro", confessa.
Ainda assim, o jovem vilacondense não esconde que está a cumprir um "sonho": "Eu tinha a noção da dimensão do Cirque du Soleil, mas só estando cá dentro é que sei o impacto que esta empresa tem. Para além dos artistas, há ainda uma equipa por trás que trabalha ainda mais que nós. É um nível de profissionalismo muito grande".