Inicialmente contestado por pilotos e equipas, o "halo" tem feito milagre atrás de milagre na Fórmula 1. No passado domingo, voltou a evitar o pior e mostrou, uma vez mais, a sua utilidade. Conheça um pouco mais sobre este dispositivo de segurança que passou de "patinho feio" a "herói".
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O que se poderia estar a escrever, esta segunda-feira, sobre Guanyu Zhou e Alex Albon, se a partir de 2018 a Federação Internacional do Automóvel (FIA) não tivesse imposto a colocação de "halo" nos monolugares da Fórmula 1? Esta é uma pergunta que certamente veio à cabeça de milhares de pessoas depois de, no passado domingo, os pilotos da Alfa Romeo e Williams, respetivamente, terem sido salvos por uma tecnologia de segurança que no início recebeu o repúdio de grande parte das marcas e pilotos.
Sim, se atualmente o "halo" parece reunir o consenso no que toca a "peça" indispensável num monolugar, nos primeiros tempos foi sobretudo criticado e apelidado de "atentado" à estética dos carros. Mas para quem não está por dentro do assunto, em que consiste, afinal, este dispositivo de segurança?
Depois de alguns anos de testes, a FIA bateu o pé e mesmo contra a vontade dos pilotos/equipas impôs, em 2018, a obrigatoriedade de halo (barra que rodeia a cabeça dos pilotos). Produzido em titânico grau 5, este dispositivo de segurança é feito numa estrutura que pesa apenas 7 kgs e suporta um peso de 12 toneladas por cinco segundos sem que danifique a sua estrutura.
Mais 17% de hipóteses de sobrevivência
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As simulações feitas indicaram que o "halo" aumenta em 17% as chances de sobrevivência do piloto em caso de acidente grave, mas o avançar dos anos tem provado uma eficiência praticamente divinal. Logo em 2018, no Grande Prémio da Bélgica, o McLaren de Fernando Alonso aterrou em cima do Alfa Romeo de Charles Leclerc, com o "halo" a salvar o monegasco de uma tragédia.
Dois anos depois, Romain Grosjean teve de dar o braço a torcer e engolir algumas das palavras que tinha dito. É que o francês apelidou o dia da introdução do "halo" como "triste", mas viu essa mesma alteração salvar-lhe a vida no circuito de Sakhir, Bahrain, quando o "halo" impediu que fosse decapitado após um acidente assustador.
Já no ano passado, numa época em que Max Verstappen e Lewis Hamilton lutaram até à última ronda pelo triunfo, o britânico também ficou a dever agradecimentos ao "halo", depois de se ter envolvido num acidente com "Max". A barra de titânio impediu que o carro do neerlandês da Red Bull tocasse na cabeça do heptacampeão da Mercedes.
Aí, Toto Wolff, chefe de equipa da Mercedes, que em 2017 afirmou que o halo era "a coisa mais feia colocada num F1", inverteu o discurso. "Teria sido um acidente horrível, no qual nem quero pensar. O halo salvou, definitivamente, a vida ao Lewis".
Mais fresco na memória está o acidente do passado domingo. Pouco depois do arranque, um toque de Pierre Gasly em George Russell fez com que o Mercedes do piloto britânico tocasse no Alfa Romeo de Zhou, com o monolugar do piloto chinês a voar e, na queda, a arrastar-se pelo asfalto de forma invertida. Só o "halo" conseguiu salvar Zhou da morte certa.
No mesmo fim de semana do GP da Grã-Bretanha, e antes do acidente de Zhou, o "halo" já se tinha mostrado essencial, num acidente na prova sprint de Fórmula 2.
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Na fase inicial da prova, Roy Nissany viu-se envolvido num acidente com Dennis Hauger, com este a ser forçado a sair de pista e a perder o controlo. Catapultado por uma das "salsichas" de cimento que são colocadas no interior das chicanes, o carro de Hauger acertou na zona do cockpit do monolugar de Nissany, com este a sofrer um forte embate lateral. Mais uma vez, o halo fez um milagre.