Falta um restaurante português e um bocadinho mais de sol também não fazia mal nenhum, mas não se pode ter tudo. Ainda por cima, quando a vida se muda para fora dos muros de casa e trepa fronteiras.
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Xeka fez-se a França pelas portas de Lille e agora é em Dijon que se vira. "Não tive grandes dificuldades em adaptar-me, apesar de várias coisas serem diferentes de Portugal", refere o médio português, em conversa com o JN.
As "calinadas" ainda existem e a "conjugação dos verbos" não está no ponto, mas o idioma já não é o grande empecilho que prometia. Nem isso, nem o facto de ver "jovens de 18/19 anos" a degustarem um bom vinho nos cafés que se enchem depois do horário laboral. "Saem do trabalho por volta das 16 ou 17 horas, mas não vão para casa. Às seis da tarde, os cafés estão todos cheios e toda a gente bebe vinho", desvenda Xeka. Portanto, vinhos não faltam.
Mas não é só a isso que os franceses são apegados quando a conversa anda à volta do que se passa às mesas. "Comem queijo até dizer chega. É antes da refeição, é a sobremesa... Eu adoro queijo e experimentei de tudo - já provei tantos, que é impossível saber o nome de todos -, mas não consigo comer em tanta quantidade como eles", acrescenta o ex-jogador do Braga.
Além da tranquilidade e de ser uma amostra do zelo francês pela limpeza, Dijon ainda tem a vantagem de permitir viagens regulares a Portugal. É que um "bocadinho de sol" nunca fez mal a ninguém. E há "leitão e francesinhas" à espera.
Passe Curto
Nome Miguel Ângelo da Silva Rocha (Xeka)
Clube Dijon FC
Idade 23 anos (10/11/1994)
Posição Médio
Pormenores:
(Des)encanto do cinema "dublado"
Quem diria que aqueles tempos em que Xeka via filmes sem som com o avô seriam lembrados nos cinemas de Dijon. "A maioria dos filmes são dublados e há coisas que não entendo, mas quando são filmes originais e dizem piadas típicas daqui, é pior: toda a gente se está rir e eu não sei porquê", diz, entre risos.
O treino que se perdeu pela neve
A estadia em França também já fez Xeka experimentar particularidades invernais que até servem para empatar os afazeres profissionais. "O inverno em França é muito mais frio. Cheguei a apanhar 12 e 13 graus negativos, por aí, e um dia não consegui ir de carro para o treino por causa da neve", recorda o médio.