Nélson Puga falou sobre a retoma dos campeonatos profissionais de futebol, de como tudo está a ser preparado, e esclareceu algumas informações imprecisas que têm circulado relativamente aos testes que os jogadores e demais staff farão.
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"Nunca o futebol poderá ultrapassar aquilo que são as recomendações da DGS. E, aproveitando para esclarecer algumas notícias erradas, nós não vamos roubar testes a ninguém, porque os testes vão ser realizados por entidades privadas e já estão reservados. Não vão faltar testes para quem precisar deles, nem ao Serviço Nacional de Saúde. Está tudo preparado para regressar em conformidade com todas as recomendações e conselhos da DGS", afirmou o médico do F. C. Porto ao Porto Canal.
Depois, sobre a ideia passada pelo presidente do Sindicato dos Jogadores, Joaquim Evangelista, que deu a entender que os atletas não se sentem confortáveis para regressar ao ativo, Nélson Puga foi taxativo: "Confesso que fiquei surpreendido com as declarações do presidente do Sindicato. Nos contactos diário com os jogadores e também através dos contactos entre as equipas médicas dos vários clubes - felizmente os médicos são comunidade própria e entendem-se - noto que os jogadores querem regressar aos treinos e às competições. Querem que seja um regresso com segurança para eles e respetivas famílias, mas querem regressar".
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E nem a eventualidade de um jogador surgir infetado no decorrer das dez jornadas intimida Nélson Puga, até porque, antes de a competição voltar vai tentar-se "realizar testes imunológicos" a todos. "O campeonato pararia se essa medida fosse aplicada no início da pandemia. Mas já estamos a perceber que há vários níveis de adaptação e nem toda a gente que contactou com um infetado fica em quarentena. Os de baixo risco já não são aconselhados a realizar o teste. O que é lógico que aconteça no futuro é que, se existir alguém que tenha Covid positivo, esse fique isolado, sejam testados uma vez mais os que tiveram contacto próximo ou sejam considerados de alto risco e a vida tem de prosseguir com normalidade desde que outros sejam negativos e assintomáticos. É assim que nós vamos atuar e a sociedade tem de atuar", considerou.
E prosseguiu: "O que me preocupa nem é o que possa acontecer entre os jogadores nos jogos, no contacto com adversários, ou nos treinos, o que me preocupa é o que possa acontecer fora do nosso ambiente. Vamos ter medidas rigorosas, mas temos de ter as mesmas precauções em casa, temos que manter o isolamento social. Se mantivermos estes procedimentos, estamos a contribuir para ter pouco risco nas nossas atividades".
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Sobre as deslocações às ilhas, Nélson Puga também não vê riscos dadas as medidas a adotar. "O que vai acontecer é que as equipas vão no seu avião, até podem viajar em charter, vão com testes negativos, aterram nas ilhas e vão imediatamente para um autocarro e daí para o hotel que por sua vez está descontaminado e vazio. Depois vão para os estádios e regressam ao continente. Qual é o risco aqui? O risco é muito baixo", considerou.
De resto, o médico portista explicou que tem falado frequentemente com Sérgio Conceição sobre o regresso aos treinos: "Julgo que três semanas será o suficiente para os jogadores estarem com capacidade competitiva, mas vamos ter quatro a cinco semanas para nos prepararmos e até termos de ter algum cuidado para não haver exagero no volume de trabalho".