Muitas memórias na homenagem aos filhos "humildes" que nunca esqueceram Gondomar
Dezenas de pessoas prestam nesta noite homenagem a Diogo Jota e André Silva no Gondomar Sport Clube.
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Num silêncio comovente, ainda sob uns tórridos 28 graus, dezenas de pessoas prestavam, nesta noite de quinta-feira, no Gondomar Sport Clube, homenagem a Diogo Jota e André Silva, filhos da terra e do clube que perderam a vida num trágico acidente de viação em Espanha. Luísa Silva, reunida com a família e toda ela com laços a estes irmãos, fala de um Diogo que "não perdia a ligação à terra e ao clube". Nas férias, recorda, "vinha para cá treinar".
Num exemplo - e exemplo foi uma palavra repetida pelas pessoas com quem o JN falou - para os mais pequenos, como o seu filho, Afonso Neves, que ingressou no clube em 2022. Mais precisamente, na Academia Diogo Jota. Porque foi ali, no Gondomar Sport Clube, que Diogo deu os seus primeiros passos na formação.
"Teria uns seis anos, depois foi para o Paços de Ferreira", diz, visivelmente consternado, o presidente do clube, Álvaro Cerqueira. Numa "perda irreparável", lê-se nos seus olhos. Porque Diogo "fez de tudo pelo Gondomar, depois de sair nunca mais se esqueceu que foi o clube que fez que ele estivesse onde ele estava".
Quem com Diogo jogou durante dez anos foi Miguel Rocha, sobrinho de Luísa Silva. Recorda um "rapaz que se integrava extremamente bem, trabalhava imenso". Não eram muito próximos, recorda, "mas a cada conquista mandava mensagem". Por perto, a irmã, Catarina Rocha, lembra-se de, quando iam ver os jogos, "brincar com o André".
Nas voltas pequenas do mundo, Manuela Gregório e a filha Núria Pinto colocam duas velas pelos irmãos que a terra agora viu perder. Núria, com 12 anos, joga nos sub-15. E, lembra a mãe, "a primeiro vez que veio experimentar, o equipamento que vestiu foi o dele". O do Diogo. Na altura com o número 5. Que Manuela conhecia dos tempos da escola, porque trabalhou na Escola Aguiar de Sousa, que o jogador frequentava. A família é dali, Aguiar.
Num "dia duro para a cidade, para o clube, para o futebol nacional, sinal de que eram exemplos no que faziam, levando o nome do clube mais alto". Num grupo de uma dúzia de treinadores, as palavras são de João Castro Barbosa, coordenador de scouting da formação. Conhecia Diogo e André, "pessoas com grande humildade, exemplos de resiliência", recordando a "homenagem feita em vida". "Porque o amanhã é mais incerto do que parece"...