Arranque quase perfeito faz crescer expectativa no futebol.
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O Clube Footbal Estrela da Amadora SAD entrou na cápsula do tempo com o objetivo de resgatar e fazer renascer o passado histórico do octogenário Futebol Clube Estrela da Amadora - extinto em 2011 após uma grave crise financeira e um acumular de dívidas de 11,5 milhões de euros - mas num estilo e visão modernos. A duração da viagem ainda é incerta - ninguém se compromete com prazos - apesar do desejo de reencontro com a primeira Liga ser ambicionado para "amanhã". A equipa lidera a série G do campeonato do Portugal e é o mais recente tomba-gigantes na Taça de Portugal, ao eliminar o Farense.
Com um tiro de partida a 13 de julho - fusão do Sintra Football Clube e do Clube Desportivo Estrela, primeiro sucessor do embrionário amadorense - a "nova estrela" da Reboleira apresenta um registo de invencibilidade notável - dez vitórias e um empate - e será, muito provavelmente, o único clube do Mundo que nunca conheceu a derrota.
Com um orçamento a rondar os 700 mil euros anuais e quatro equipas na sua esfera (A, B, sub-19 e sub-18), o projeto da SAD é suportada por investidores privados - Francisco Lopo, filho de Paulo Lopo, ex-presidente da SAD do Leixões - , mas já com cerca de 30 a 40% de receitas de sponsorização, e tem em André Geraldes o rosto da liderança e o responsável pela execução da viagem à Liga. O antigo "team manager" do Sporting e ex-administrador do Farense, que sob a sua liderança voltou ao convívio dos grandes, assume a presidência da SAD.
O "velhinho" Estádio José Gomes, agora remodelado, num investimento a rondar os 400 mil euros - balneários, túnel, ginásios, camarotes e relvados secundários - mantém-se como santuário da peregrinação.
De momento precisa ainda de um resgate de paternidade já que se encontra em hasta pública com uma base de licitação de 3,1 milhões de euros. Um processo financeiramente complexo, mas encarado com otimismo pelos novos responsáveis que consideram a sua preservação incontornável.
Com um plantel maioritariamente profissional - cerca de 50% -, uma folha de remunerações entre os 400 e os 1400 euros mensais, além de uma estrutura de apoio quase de primeira Liga, visível e elogiada internamente, os amadorenses lutam, em parte, perante uma concorrência menos apetrechada financeiramente, mas também se debatem com outra cheia de armas. E com orçamentos muito superiores. Alguns clubes, ao que apurámos, com montantes na casa dos dois milhões de euros.
Curiosidades
Uma Taça de Portugal
O extinto Estrela da Amadora, o antecessor do Clube Football Estrela da Amadora, conquistou a Taça de Portugal de 1989/90, numa finalíssima com o Farense (2-0).
Fernando Santos, Jesus e Alves
Fernando Santos, Jorge Jesus e João Alves são treinadores que marcaram uma era no Estrela da Amadora. O último deles levou o clube à conquista da Taça.
Jorge Andrade e Paulo Bento
O rol de nomes que passou pelo Estrela é sonante: Paulo Bento, Jorge Andrade, Chainho, Abel Xavier, Dimas, Miguel e Paulo Fonseca.
Uma ida à Europa
Em 1990/91, o Estrela chegou à segunda eliminatória da extinta Taça das Taças. Eliminou o Neuchatel Xamax e caiu perante o Liège.
Gaúcho é o maior goleador
Gaúcho, avançado brasileiro que jogou cinco épocas no Estrela, ostenta o estatuto de melhor goleador da história do emblema: atingiu os 55 tentos em 140 encontros. Por outro lado, ninguém vestiu mais vezes a camisola tricolor do que Rebelo, defesa central: 440 duelos, em 14 épocas, de 1987 a 2001.
Números
23 Número de golos conseguidos pelo onze de Rui Santos. Dezasseis no campeonato de Portugal e sete nas três eliminatórias da Taça. Luís Mota é o melhor marcador com quatro e a equipa só sofreu três tentos.
3 milhões de euros Valor aproximado do investimento necessário para a luta de uma eventual subida da Liga 2 para a Liga. Realidade ainda distante do atual universo amadorense. Um terço daquele valor é garantido pela televisão e jogo.