O dia 29 de setembro de 2013 entrou diretamente para a galeria mais dourada da história do desporto português. Num domingo em que Portugal foi às urnas votar para as eleições autárquicas, Rui Costa e João Sousa faziam subir, bem alto, a bandeira nacional em Itália e na Malásia, tornando-se nos primeiros atletas lusos a sagrarem-se, respetivamente, campeão do mundo de ciclismo e vencedor de um torneio do Circuito Mundial de Ténis (ATP).
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O verão tinha corrido muito bem, com a vitória em duas etapas da Volta a França, mas Rui Costa queria mais e, já no outono, atingiu um patamar nunca visto no ciclismo nacional. Os campeonatos do Mundo foram disputados em Florença e, como se não bastassem os 272 quilómetros que os atletas tinham de enfrentar, o dilúvio que se abateu nas estradas da Toscana tornaram tudo ainda mais difícil e inesquecível. Um dos melhores estrategas do pelotão mundial - dez anos depois, continua a vencer provas da União Ciclista Internacional -, Rui Costa integrou a fuga certa e não se assustou com o peso da concorrência - Joaquín Rodríguez, o eterno Alejandro Valverde e o vencedor do Tour Vincenzo Nibali -, e sprintou para o ouro, lançando a loucura na pequena freguesia de Aguçadoura, na Póvoa de Varzim.
O JN testemunhou o momento, já que enviou uma equipa de reportagem à casa dos pais de Rui Costa e o grande destaque foi a emoção que por lá se viveu, sobretudo na reta final da prova. "Durante os últimos dez quilómetros, só se ouviam berros", contou o pai do atleta, Manuel Costa, ao nosso jornal, enquanto a mãe, Graça, tinha acendido, como sempre acontece que o filho vai para a estrada, uma vela a Nossa Senhora de Fátima.
Bem longe da Póvoa, e mesmo de Itália, foi onde João Sousa alcançou um feito, até então, inédito. O tenista de Guimarães venceu o Open de Kuala Lumpur, um torneio ATP 250, após uma final imprópria para cardíacos frente ao francês Julien Benneteau. O português perdeu o primeiro set, igualou o encontro e, no terceiro e decisivo parcial, teve de salvar um "match point" antes de abrir os braços para celebrar o 7-5 final, que lhe valeu um prémio monetário de 117 mil euros. O agora melhor tenista português de todos os tempos garantia a subida ao top 50 mundial e, nos anos seguintes, somaria mais três títulos ATP 250: Valência (Espanha, em 2015), Estoril (Portugal, 2018) e Pune (Índia, em 2022), triunfos que ajudaram a que, em 2016, atingisse a melhor classificação de sempre no ranking mundial: 28.º classificado.