Depois de subir à Liga 3, o Paredes mostra-se no palco mítico para disputar o título nacional do Campeonato de Portugal.
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Agora que as coisas correm bem também é uma boa altura - talvez, a melhor - para recordar a pedra que foi preciso partir. "Chegou a acontecer um jogador rachar a cabeça e ter que esperar pelo fim do treino para eu ir levá-lo ao hospital", lembra Eurico Couto, o treinador. Já Pedro Silva, o presidente, olha em volta e aponta: "Até há pouco tempo, tínhamos que nos equipar ali, nuns contentores".
Hoje (17 horas), o União de Paredes estará no Jamor para disputar o título de campeão nacional do Campeonato de Portugal, frente ao Fontinhas, coroando um processo de anos, de melhorias "pequenas mas constantes", e que "só foi possível à custa de muita ambição e uma mudança profunda de mentalidade", que se junta a um amor à causa mais fácil de explicar por atos do que por palavras. "Sou diretor, cozinheiro, roupeiro, trato da relva, preparo os jogos, sirvo à mesa...... Faço o que for preciso", diz José Teixeira, o "faz-tudo".
O Paredes é uma preciosidade no futebol atual. Tem o mesmo treinador há oito temporadas, alimenta-se muito dos frutos que planta, quer para a equipa técnica (os cinco membros foram promovidos da camadas jovens) quer para o plantel (nove jogadores passaram pela formação), tem futebolistas que só vestiram essa camisola e outros com mais de 10 anos de casa. Na próxima época, vai disputar a Liga 3, depois de ter alcançado a segunda subida em cinco anos. Pelo meio, chegou os oitavos de final da Taça de Portugal, atingiu a final da Taça Brali (AF Porto), mediu forças com o Benfica. Tudo sob o comando de Eurico Couto. Não admira, assim, a resposta do presidente. "Planos? Renovar com o treinador".
Para já, segue-se um marco histórico para o clube. Pela primeira vez, jogará no Estádio do Jamor e aí pode ganhar o primeiro título nacional. "É incrível", sublinha o capitão Madureira, ele que nasceu para a vida em Paredes e para o futebol no União. "O clube passou por muitas dificuldades e agora viver isto...", acrescenta. O Jamor é o fim de uma época incrível para o União, sendo que, dentro dos muros unionistas, também há a convicção de que pode ser o "um trampolim" ou "um impulso" para algo ainda mais especial. "Concretizámos um sonho, mas já pensamos no próximo", garante Pedro Silva.