São toneladas de material e centenas de peças variadas imprescindíveis para uma prestação competitiva durante os 12 dias da prova. A operação logística das equipas de ciclismo para a Volta a Portugal é preparada com semanas de avanço e o pior receio é que alguma coisa fique esquecida
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Nas vésperas do arranque da prova rainha do ciclismo nacional a azáfama foi grande na sede da Efapel, em Vila do Conde, onde esteve em marcha uma complexa operação logística para carregar todo o material necessário para a prestação na prova.
Os elementos da equipa desdobram-se na missão de preparar, verificar e carregar o autocarro, o camião e os quatro carros de apoio que vão compor a caravana da Efapel, com todas as peças, objetos e utensílios imprescindíveis para que nada falte aos ciclistas na estrada.
Sendo uma estrutura profissional, e com vasta experiência na modalidade, todos sabem as funções que lhe são atribuídas, e numa organizada confusão a operação decorre sem grande intervenção do diretor desportivo José Azevedo, que delega com confiança as várias missões da operação.
"As rotinas já estão bem assimiladas por todos, porque já foram repetidas várias vezes nas provas em que participamos. No caso da Volta a Portugal é apenas uma questão da quantidade do que temos de levar, porque são mais dias do que o habitual. O importante é não nos esquecermos de nada", começou por explicar o responsável ao JN.
No caso da Efapel, a equipa vai levar 25 bicicletas, 60 pares de rodas, e dezenas de outras peças mecânicas, que são preparadas ao detalhe, para que o ciclista só se tenha de preocupar em pedalar.
"Cada um dos sete atletas tem a sua bicicleta principal, e uma outra suplente exatamente com as mesmas características. Temos, além dessa, mais quatro bicicletas suplentes, também preparadas da mesma forma. Levamos, igualmente, sete bicicletas e contrarrelógio para cada um deles", explicou José Azevedo.
Além desta vertente mecânica e das bicicletas, há toda uma panóplia de detalhes que não podem ser descurados, nomeadamente o vestuário para os ciclistas, os suplementos de nutrição, as bebidas, ou produtos de saúde ou até as marquesas para as imprescindíveis massagens.
"Todo o material que temos na nossa equipa é exatamente igual ao que usam as grandes formações do World Tour, a única diferença é que essas grandes organizações têm tudo a triplicar, porque muitas vezes estão simultaneamente em três competições", detalhou José Azevedo.
"Equipa ambiciosa que quer ser protagonista"
O também ex-ciclista fala com conhecimento do patamar maior do ciclismo mundial, que integrou mais de duas décadas na sua carreira, primeiro como atleta, e depois com funções de direção em várias equipas.
É essa experiência que trouxe para este novo projeto da Efapel, uma equipa formada de raiz este ano, e que pela primeira vez vai mostrar argumentos na Volta a Portugal.
"Há sempre alguma ansiedade quando se prepara uma participação numa prova desta dimensão, mas não posso falar em pressão. O facto de já ter estado nas principais corridas do mundo, como o Tour, a Vuelta ou Giro, deram uma preparação que me permite encarar tudo isto com racionalidade", partilhou.
A estrutura da Efapel, totalmente profissional e portuguesa, integra quase 20 pessoas, entre ciclistas, mecânicos, massagistas e restante staff, que apesar de integrarem uma nova equipa já têm provas dadas.
"Só esta época já temos cinco vitórias e uns quantos lugares no pódio. A nossa filosofia é dar sempre o melhor possível em cada uma das provas, e quando assim é os sucessos chegam naturalmente. Se vou para ganhar a Volta? O que posso prometer é uma equipa ambiciosa que quer ser protagonista em todas corridas. Vamos com muita ambição", vincou José Azevedo.
O diretor-desportivo da Efapel mostrou-se "satisfeito pela evolução do projeto" nestes sete meses de existência, que além da equipa profissional de ciclismo engloba uma academia de jovens com 50 atletas e uma formação feminina.
"Este é um projeto que ganhou o seu espaço, e que trouxe algo positivo ao ciclismo nacional. Acho que há sempre espaço para novas equipas que trabalhem de forma séria e estruturada. A modalidade precisa disso", concluiu José Azevedo.