Derrota por cinco golos sem resposta frente ao Manchester City, nos oitavos de final da Liga dos Campeões, desfaz sonho do Sporting. Os mais românticos ainda acreditaram, mas a realidade falou mais alto: há diferenças inultrapassáveis.
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O sonho comanda a vida e o do Sporting, pelo menos na Liga dos Campeões, está praticamente morto. Depois de uma caminhada repleta de mérito, os leões esbarraram com estrondo num futebol que não é por acaso que é considerado (por muitos) o melhor do mundo.
Uma questão de números
A diferença entre duas equipas não tem de passar impreterivelmente por aqui, mas há casos em que é tão flagrante que não há como negar. E o Sporting-Manchester City foi um desses exemplos. Com um valor de mercado situado nos 991 milhões de euros (segundo o Transfermarkt), o plantel do Manchester City supera em quase quatro vezes o do Sporting (251,70 milhões de euros segundo o mesmo site). E só por aqui já se encontra (e nem era preciso entrar em campo) uma das explicações para a diferença que se viu no relvado. Mais dinheiro e melhores ordenados resulta em melhores jogadores. É um facto e uma questão de números.
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Experiência pesa muito
Toda a gente se habituou a vibrar com as grandes conquistas do Manchester City, seja em Inglaterra ou na Europa, mas nem sempre foi assim. Os "citizens" passaram por largos anos de seca, só que desde que mudaram de donos, primeiro em 2007, e depois em 2008, a conversa transformou-se. No que toca à Liga dos Campeões, desde 2013/14 que o "gigante inglês" chega, pelo menos, aos oitavos de final, sendo que o ano passado foi finalista vencido da prova frente ao Chelsea (1-0). Por outro lado, o Sporting não alcançava esta fase da competição desde 2008/09, na altura com Paulo Bento no banco. Uma diferença abismal que, uma vez mais, acaba por ser determinante. Quer se queira admitir ou não, a pressão de jogar no palco dos milhões está sempre lá. E se para uns virou rotina, para outros a novidade acabou por pesar nas pernas.
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A este nível o mais pequeno erro vale ouro
Sair para o intervalo a perder por quatro golos é uma ferida muito difícil de sarar. Aconteceu com o Sporting, que se tornou na primeira equipa da Liga dos Campeões a sofrer quatro golos ao intervalo num jogo em casa, essencialmente por sucessivas falhas de uma defesa que esteve demasiado "mole". O City marcou no primeiro remate à baliza (num lance em que os jogadores leoninos se preocuparam mais em pedir fora de jogo do que disputar o lance até ao fim) e, a partir daí, a desconcentração parece que tomou conta do rumo dos acontecimentos. Noutro jogo qualquer até poderia ser facilmente invertido. Mas a este nível e contra o City são o tipo de erros que não se podem cometer. Seis remates à baliza, cinco golos. Está tudo dito.
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Pressão alta: um pau de dois bicos
Tal como o JN já tinha analisado, numa reflexão pré-jogo, as (poucas!) derrotas do Manchester City nesta temporada resultaram de embates em que os "citizens" não souberam reagir da melhor forma à pressão alta dos adversários. Na passada terça-feira, o Sporting também tentou em grande parte do tempo aplicar a mesma receita, mas quase sempre sem resultado. Apenas com Palhinha e Matheus Nunes no "miolo", os leões ressentiram-se e sofreram para aguentar as investidas dos ingleses pelo corredor central. A juntar a esse domínio (no meio foram completamente abafados), a defesa leonina, ao contrário dos homens da frente, concedeu quase sempre muito espaço aos atacantes do City, o que é bastante perigoso (como se acabou por confirmar) quando os intervenientes têm uma capacidade técnica e de leitura de jogo tão aprimorada como a dos homens de Pep Guardiola.
Estrelas sem brilho
Curiosamente, o Sporting até teve espaço para sair a jogar. Mas ao contrário do que já vimos em outros tantos jogos, os grandes craques da equipa não apareceram. Pote, Sarabia e Paulinho tiveram uma noite difícil. O que até é perfeitamente compreensível. A ajuda de Porro na direita (foi um dos melhores do lado verde e branco) e de Esgaio do lado esquerdo revelou-se insuficiente, uma vez que sempre que subiam com mais acutilância estavam a abrir autoestradas para os "ferraris" do City. A juntar a isso, o meio-campo preocupou-se essencialmente em defender o que deixou os três da frente muito à "sua sorte". No fundo, a noite não era do Sporting. E a equipa reagiu quase por completo da mesma forma, com uma exibição fraca, mas que poderá servir de exemplo para jogos futuros.