O Benfica sagrou-se campeão nacional da I Liga de futebol no sábado ao bater o Santa Clara por 3-0.
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O herói improvável
Entre os jogadores mais utilizados por Roger Schmidt, António Silva foi, sem dúvida, o herói mais improvável. O arranque de temporada foi na equipa B, estava destinado a jogar na Liga 2, porém um conjunto de circunstâncias lançou-o para o conjunto principal. A 27 de agosto, estreou-se frente ao Boavista, no Bessa, beneficiando do castigo de Otamendi e das lesões de João Victor e Lucas Veríssimo. Pouco depois, Morato também se magoou e o caminho ficou, definitivamente, em aberto para o "miúdo", na altura, com apenas 18 anos. Apesar da inexperiência, agarrou a titularidade ao lado de Otamendi, no eixo da defesa, e nunca mais a largou. Faz parte do onze desde a quinta jornada no campeonato e alinhou em todas as partidas na Liga dos Campeões, transformando-se num ídolo, devido à qualidade e, sobretudo, por ser uma pérola do Seixal. Desconhecido em agosto, passou a ser um ás fundamental, conquistando o primeiro título de campeão nacional como sénior.
Um médio goleador
Aos 30 anos, João Mário assina, de longe, a melhor temporada de sempre e é um dos grandes responsáveis pela conquista do campeonato. Desde que se estreou no futebol profissional, pelo Sporting, em 2011/12, o internacional português apenas marcara um máximo de sete golos por época, nesta já vai em 23. O número de assistências subiu também exponencialmente, tem 12, outro recorde na carreira. O facto de ser o marcador regular de penáltis deu uma ajuda à veia goleadora, mas fez muitos outros em lances de bola corrida. Experiente e maduro, tornou-se numa peça fundamental para Roger Schmidt pela capacidade de reter a bola e criar linhas de passe para os colegas. Além dos golos, claro, o que o tornou num dos melhores marcadores do campeonato, a par de Gonçalo Ramos. Em 2020/21, a mudança do Sporting, clube em que conquistou um campeonato, para o Benfica fez correr muita tinta, mas hoje está totalmente integrado na Luz.
Alta rotação à esquerda
O defesa espanhol Alex Grimaldo deixa a Luz, ao fim de oito temporadas, tendo, antes do clássico com o Sporting, sido anunciado como reforço do Bayer Leverkusen, da Alemanha. Na última época de águia ao peito, terá produzido a melhor temporada de sempre. Impulsionado a mostrar serviço, jogou em elevada rotação desde agosto, falhando só um jogo até maio. Até ao momento, marcou seis golos e fez 13 assistências, mostrando-se crucial ao longo do campeonato. No banco, Ristic, a segunda opção para a lateral esquerda da defesa, nunca teve hipótese de se mostrar e ficou completamente tapado. Nesta época, o lateral espanhol, de 27 anos, melhorou o comportamento tático com Roger Schmidt e foi importante nas bolas paradas, uma das suas grandes especialidades. Grimaldo sai pela porta grande: em oito temporadas, conquistou quatro campeonatos nacionais, além de uma Taça de Portugal, uma Taça da Liga e três Supertaças. Um percurso de alto nível.
Pontaria afinada
Com a saída de Darwin Nuñez, no passado verão, Gonçalo Ramos assumiu o ataque encarnado e o melhor elogio às exibições é que praticamente não se falou do uruguaio nesta temporada. O primeiro título nacional conquistado pelo avançado, de 21 anos, fez-se à conta de muitos golos importantes, tendo evoluído bastante do ponto de vista físico e tático durante a temporada. Nem Musa, nem Henrique Araújo, emprestado em janeiro, estiveram perto de lhe fazer sombra no onze. Roger Schmidt considerou-o indispensável, alinhando à frente de um segundo avançado, quase sempre Rafa. O facto de não marcar desde abril não diminuiu a importância no xadrez das águias. Face à elevada produção, em que se acrescenta a sua presença no Campeonato do Mundo no Catar, em que marcou três golos, na vitória sobre a Suíça, Gonçalo Ramos é um dos jogadores com mais mercado no plantel. A cláusula de rescisão aponta aos 120 milhões de euros.