Benfica e Marítimo à cabeça da contestação ao líder da Liga. Reunião com presidentes promete ser escaldante.
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Pedro Proença vive um momento conturbado na presidência da Liga Portugal, devido a algumas ações tomadas neste período da pandemia da covid-19, que geraram desconforto não apenas nos clubes das duas divisões profissionais, mas, sobretudo, no principal parceiro da entidade que preside, que é a operadora NOS, a mesma que dá nome ao principal escalão do futebol português.
O facto de o antigo árbitro ter enviado duas cartas, uma ao Governo e outra à Presidência da República, a propor a transmissão de jogos em sinal aberto, sem informar ninguém sobre as mesmas, foi a gota que fez transbordar o copo de clubes e operadora televisiva.
De acordo com as informações recolhidas pelo JN, metade dos clubes da Liga falaram na terça-feira sobre essa situação, com Benfica e Marítimo a colocarem em causa a liderança de Pedro Proença, mas muitos dos outros participantes demarcaram-se do movimento criado para pressioná-lo a demitir-se da presidência da Liga Portugal.
Ainda assim, a reunião marcada para hoje com os presidentes dos 18 clubes do principal escalão, na qual será comunicado o mapa final da retoma do campeonato e o calendário para as 10 jornadas em falta, promete ser escaldante.
Fontes ouvidas pelo JN, referem que "Proença tem tomado diversas decisões sem consultar os clubes" e acrescentam que "omitiu informações" às sociedades da LigaPro "sobre os reais motivos" para o encerramento daquele campeonato. Aliás, na reunião feita com esse propósito, até terá sido desmentido por Luís Filipe Vieira em frente a todos os participantes.
Apenas reativo
Pedro Proença é, ainda, acusado de "ser apenas reativo" nas questões de fundo do futebol português, neste período excecional, e "desconsiderado por todos, inclusivamente pela Direção-Geral de Saúde", tendo "perdido todo o protagonismo para a Federação Portuguesa de Futebol". Há, no entanto, quem refira que, neste momento, a queda de Proença na presidência da Liga "poderá ser o descalabro" na retoma do campeonato.
Relativamente à tal gota que fez transbordar o copo, muitos clubes e as principais operadoras (NOS e Altice) viram as cartas de Proença ao Governo e à Presidência da República como um sinal de quebra de receitas, mas ao que apurámos Proença não tentou mais do que solicitar a intervenção daquelas forças políticas para que a RTP comprasse alguns jogos à Sport TV e BTV e os transmitisse em sinal aberto, podendo as restantes partidas serem revendidas a outros mercados. Isso é o que Proença poderá dizer hoje na reunião.
Mais difícil será explicar à NOS porque fez isso sem consultar esse parceiro. A operadora, que patrocina outros clubes, como o Benfica, até já terá manifestado à Liga Portugal que não pretende renovar o patrocínio que termina em 2021. Contactada pelo JN, a NOS não teceu qualquer comentário sobre o tema.
POLÉMICA
Marítimo impugna o fim da Liga Pro
A Liga tem um novo problema em mãos. O Marítimo recorreu ao Tribunal Arbitral do Desporto para impugnar o fim da LigaPro, decisão tomada a 5 de maio e que ditou as subidas de Nacional, rival insular dos maritimistas, e Farense. O processo deu entrada a 15 de maio e tem a Liga como entidade demandada. O Marítimo também denuncia o fundo de apoio à tesouraria em resposta à covid-19 e o respetivo regulamento.