Vitória de Guimarães-Sporting é candidato a abrir maratona, mas há mais na calha. Grande parte dos duelos começa ao fim da tarde. Dez estádios com luz verde.
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A Liga propõe um V. Guimarães-Sporting, no Estádio D. Afonso Henriques, como o ponto de partida para retoma do campeonato, a 4 de junho, e o início de uma maratona, quase ininterrupta, de jogos até à segunda quinzena de julho, mas existem mais hipóteses, o que até poderá antecipar em 24 horas o regresso do futebol. Isto é parte do plano que a Liga, os clubes e o operador televisivo estão a ultimar, e que, afinal, poderá deixar de fora apenas quatro dos 18 estádios que fazem parte da competição.
A pouco mais de duas semanas do reinício do campeonato, já é mais ou menos claro aquilo que está reservado às equipas até finalizarem o que teria terminado no fim de semana passado, não fosse a pandemia de covid-19. De acordo com um documento a que o JN teve acesso, os dias e os horários de quase todos os 90 encontros - a última jornada só será planeada na semana anterior - estão praticamente definidos, faltando alinhar as intenções da Liga de Clubes com as da SportTV, cujas posições, em alguns casos, ainda estão algo afastadas.
O prometido por Sónia Carneiro, diretora-executiva da Liga, anteontem, confirma-se e, entre junho e junho, serão mais os dias com futebol do que sem futebol, tendência que se acentua entre a 27.ª e a 33.ª jornadas. Nesse período, o intervalo entre as rondas e o tempo de descanso reduz-se drasticamente, embora se mantenha dentro das 72 horas regulamentares, com todas as equipas a estarem sujeitas a dois jogos por semana.
Outro ponto relevante é a intenção de a maioria dos encontros serem disputados nos horários de menor exposição ao calor. Se jogos às 15 horas serão raros, encontros a partir das 18 horas tornam-se uma constante (mais de metade). E para os adeptos, que não podem ir aos estádios e que trabalham durante a semana, também será bom? "Para os que pagarem para ver, talvez. Mas se calhar ninguém vê nada porque não serão transmitidos em canal aberto. Fomos relegados para último plano", lamenta Martha Gens, presidente da Associação Portuguesa de Defesa do Adepto, ao JN.
cinco fazem correções
Mais clara está também a questão em torno dos estádios que poderão receber jogos, tendo em conta todas as restrições de segurança impostas pela Direção-Geral de Saúde (DGS). Ontem, foi comunicado que os estádios de F. C. Porto, Benfica, Sporting, Braga, V. Guimarães, Tondela, Marítimo, Portimonense e Paços de Ferreira, tal como a Cidade do Futebol, estão prontos a receber jogos e que outros precisam de "correções" para se juntarem ao lote. Assim, as casas de V. Setúbal, Gil Vicente, Aves, Boavista e Rio Ave serão incluídas no plano se se atualizarem até segunda-feira, dia marcado para a próxima inspeção. Os restantes recintos estão fora de questão.
À ESPERA DE APROVAÇÃO
Aves, Vila das Aves - É preciso garantir o distanciamento social entre jogadores e restantes elementos que possam estar na zona técnica, colocação de sinalética e tapetes com desinfetante à entrada.
Cidade de Barcelos - A casa do Gil Vicente necessita de "pequenas alterações" que serão "facilmente solucionáveis", segundo fonte do clube.
Bessa, Porto - O JN sabe que será aprovado em breve, porque falta, apenas, fazer algumas alterações nas sinaléticas e nos percursos que os jogadores farão.
Bonfim, Setúbal - "Problemas" idênticos aos do Estádio do Bessa: sinalização e separação das zonas onde vão passar os jogadores foram os "erros" encontrados nas vistorias.
Rio Ave, Vila do Conde - O balneário da equipa visitante já está a ser ampliado - foi mesmo demolida uma parede - para permitir quatro metros de distância entre os atletas que ali se equiparem. Está, também, a ser melhorado o sistema de ventilação.
LIGA E PSP ACERTAM AGULHAS PARA EVITAR A CONCENTRAÇÃO DE ADEPTOS
A segurança dos estádios e possíveis alterações a implementar nas imediações dos recintos foram, ontem, debatidas pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) e Polícia de Segurança Pública (PSP), tendo em vista o regresso do campeonato, a 4 de junho.
Em comunicado, a LPFP refere que na reunião foram abordados "assuntos relacionados com a segurança dos jogos" e "abordadas as possíveis medidas de contenção com vista a evitar os ajuntamentos de adeptos nas imediações dos estádios ou locais de permanência das equipas".
Essa é uma das principais preocupações da Direção-Geral da Saúde (DGS), Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e LPFP, que ficou bem expressa no Código de Conduta desenhado para o regresso do futebol. O documento refere que no exterior e imediações dos estádios, a circulação de pessoas deve ser limitada e condicionada, não estando autorizada a concentração de pessoas em número superior a 10. As forças e serviços de segurança devem promover a dispersão pessoas, quer no perímetro dos estádios, quer junto a hotéis, centros de treino, e via pública. Tendo em conta este ponto, a LPFP considera que os 90 jogos do campeonato que estão por disputar, referente a 10 jornadas, são "um desafio para as forças de segurança".
"Lotação" limitada
Dentro dos estádios, deverá ser permitido um máximo de 185 pessoas, sendo que ao relvado e às áreas com acesso ao terreno de jogo poderão aceder até 125 pessoas e na zona técnica um máximo de 85 elementos.
Na reunião participaram representantes da LPFP, da PSP e do Ponto Nacional de Informação sobre Futebol (PNIF), que funciona como "contacto direto e central para o intercâmbio das informações necessários às operações de segurança dos eventos desportivos".
As mesmas entidades vão reunir-se "na próxima semana para continuarem a discutir e detalhar as questões de segurança relativas à retoma da competição".