Europeu de sub-21 começa na quarta-feira e a seleção lusa sonha com o troféu. Geórgia é o primeiro adversário. Onze dos 23 convocados por Rui Jorge jogam em clubes estrangeiros, incluindo todos os avançados.
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A 25.ª edição do Campeonato da Europa de sub-21, organizada em conjunto por Geórgia e Roménia, arranca daqui a quatro dias em Tbilisi com a seleção portuguesa em ação logo no jogo inaugural, diante dos anfitriões georgianos. A equipa lusa participa pela 11.ª vez numa prova que nunca venceu, apesar de ter estado em três finais (1994, 2015 e 2021), as duas últimas já com o selecionador Rui Jorge, que chegou ao cargo em 2010 e vai para a quarta fase final.
Na teoria, ao contrário do que sucedeu há dois anos, Portugal não está, desta vez, entre os favoritos ao título, tendo como maior objetivo ser um dos dois primeiros classificados do Grupo A, que partilha com Geórgia, Países Baixos e Bélgica, para chegar aos quartos de final.
Com jogadores convocáveis já na seleção principal (o central António Silva, o médio Vitinha e o avançado Gonçalo Ramos) e algumas baixas importantes por lesão (os laterais João Mário e Tomás Tavares, bem como o central Tiago Djaló), a seleção das quinas tem, ainda assim, muito talento ao dispor, sobretudo do meio-campo para a frente.
Dos 23 jogadores que estão na lista de Rui Jorge, 11 fizeram a temporada de 2022/23 em clubes estrangeiros, na linha do que sucedeu há dois anos (12), o que faz da seleção portuguesa a quarta entre as 16 deste Europeu com menos jogadores de equipas do respetivo país, só superada por Noruega, Croácia e Países Baixos.
"É um reflexo do trabalho de qualidade que tem sido feito na formação em Portugal e da capacidade de adaptação dos jogadores portugueses. Faz todo o sentido. Somos um país formador, os clubes trabalham para vender e quanto mais depressa melhor. No futuro, isto vai continuar a suceder", diz, ao JN, Artur Fernandes, presidente da Associação Nacional de Agentes de Futebol.
"Ao contrário do que acontece com muitos jovens jogadores ingleses, alemães ou franceses, que já ganham fortunas, os portugueses saem para o estrangeiro com enorme ambição, ilusão e vontade de ter sucesso. Além disso, muitos saem a preços acessíveis. Pode parecer prematuro, mas o sucesso que os miúdos vão tendo, com algumas exceções, prova o contrário. Os cinco avançados convocados agora já jogam em clubes estrangeiros", refere.
Na opinião do treinador Carlos Azenha, o cenário é mais cinzento: "Os jogadores saem logo para o estrangeiro porque a Liga portuguesa não é atrativa. Portugal trabalha bem a formação, mas depois a passagem para o futebol profissional é difícil. Os modelos competitivos têm de ser repensados por todos os agentes e os campeonatos precisam de ser reestrurados. Há jogos da Liga que são vistos por meia-dúzia de pessoas, as televisões só falam de dirigentes e árbitros".
Estrelas a seguir durante a prova
Alemanha: Moukoko (Avançado, 18 anos, Dortmund)
Na ribalta desde 2020, quando se tornou, aos 16 anos, o mais jovem a participar numa partida da Champions, o atacante do Borussia já esteve no Mundial do Catar pela seleção A da Alemanha. Agora é a estrela dos sub-21 germânicos, que defendem o título ganho em 2021.
Inglaterra: Madueke (Extremo, 21 anos, Chelsea)
Formado no Crystal Palace e no Tottenham, Madueke chegou a ser comparado a Cristiano Ronaldo pela imprensa inglesa. Rumou ao PSV com 16 anos e destacou-se em 2021, treinado por Roger Schmidt. Em janeiro, transferiu-se para o Chelsea, por 33 milhões de euros.
França: Gouiri (Avançado, 23 anos, Rennes)
Estrela da formação do Lyon, Gouiri não se impôs na equipa principal e rumou ao Nice, onde fez duas boas épocas, mas foi no Rennes durante o último ano que realmente confirmou o potencial. Marcou 15 golos em 33 jogos em 2022/23 e foi um dos destaques da Ligue 1.
Itália: Tonali (Médio, 23 anos, AC Milan)
Formado no Bréscia, passou de promessa a certeza no meio-campo do Milan, onde já fez duas épocas em grande nível e conquistou o "scudetto" em 2021/22. Com 14 jogos efetuados pela seleção principal da Itália, vai liderar os "azzurrini" neste Europeu de sub-21.
Espanha: Gabri Veiga (Médio, 21 anos, Celta de Vigo)
Este autêntico prodígio galego subiu em definitivo à equipa principal do Celta de Vigo, em janeiro, sob o comando de Carlos Carvalhal, tendo feito 39 jogos e 11 golos em 2022/23. Trata-se de um médio com faro pelas balizas adversarias, dotado de grande técnica individual.
Portugal: João Neves (Médio, 18 anos, Benfica)
Foi o "joker" que saiu da sombra para salvar o meio-campo do Benfica na parte final da época, a tempo de ajudar a equipa da Luz a chegar ao título. As exibições realizadas levaram Rui Jorge a chamá-lo à seleção de sub-21, quando o plano inicial era jogar no Euro de sub-19.