Com a confirmação da saída de Fernando Santos e a questão da sucessão em aberto, José Mourinho reúne o favoritismo para o cargo. O treinador natural de Setúbal nunca escondeu a vontade de orientar Portugal, mas o vínculo à Roma até 2024 pode colocar em causa a concretização de um desejo antigo.
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A relação de amor de José Mourinho pela seleção portuguesa pode em breve acabar em matrimónio. O treinador português, de 59 anos, que está há época e meia na Roma, de Itália, é o favorito para render Fernando Santos, técnico que, nesta quinta-feira, cessou funções, após oito anos no cargo.
O desejo do "Special One" de orientar Portugal é antigo. O técnico setubalense já admitiu publicamente a vontade de "um dia" assumir o cargo, eventualmente em final de carreira.
Em 2010, com a saída de Carlos Queiroz, a convite do então líder federativo Gilberto Madail, Mourinho foi abordado para orientar as quinas, em simultâneo com o Real Madrid. O presidente merengue acabaria por vetar a coexistência e, quatro anos depois, o próprio técnico admitiria, à BT Sport, que tal teria sido um erro. "Não seria possível desempenhar as duas funções ao mesmo tempo. Nem sequer é ético ter dois trabalhos quando há tantos treinadores desempregados". Em vez de José Mourinho, foi Paulo Bento a assumir a seleção.
Já em 2008, numa entrevista no âmbito de uma campanha de uma marca automóvel, Mou assumia a vontade de vir a orientar as quinas: "Quero ter a experiência de treinar o meu país um dia. Gostava que a minha família se sentisse orgulhosa quando me tornar o técnico da seleção nacional".
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Ao longo de uma carreira que, como treinador principal, começou no Benfica, em 2000, foi dando sinais do desejo de um dia assumir a seleção portuguesa e também de ter uma carreira longa. "Quero treinar até aos 70 anos. Percebo perfeitamente porque é que o Alex [Ferguson] ainda está no cargo [Manchester United] e penso que farei o mesmo. Gosto tanto de futebol e de treinar", realçou, em 2012, em entrevista à Sky Sports. No mesmo ano, atirava para "dentro de 20 anos" o final de carreira (metade desse tempo já passou), esperando "estar orgulhoso de tudo o que fiz".
"O dia em que me reformar é porque o futebol acabou para mim", frisou, em declarações a uma magazine de um dos patrocinadores do Real Madrid, clube que então orientava, insistindo, na ocasião, na ideia de trabalhar "até aos 65 ou 70 anos".
Em 2020, quando estava no Tottenham (Inglaterra), reafirmou a intenção de um dia vir a assumir a seleção lusa, mas foi menos convincente: "No futebol acho que nunca se pode dizer: desta água não beberei. Nunca se sabe muito bem o que vai acontecer. Saí de Portugal em 2004 e ainda não voltei. Há quem espere que eu um dia volte para treinar a seleção portuguesa e nem consigo dizer que sim ou não", disse, enigmático, à Fox Sports Brasil.
Já em maio deste ano, antes da final da Liga Conferência, prova que a Roma ganhou, em entrevista à "Gazzetta dello Sport", de Itália, admitia permanecer no comando dos "giallorossis" por mais 11 anos e vir a ser "o Ferguson da Roma". "Teria de ficar até aos 79 anos, talvez fique até aos 70. Gosto muito de estar aqui, isso é visível".
A um mês de completar 60 anos (26 de janeiro de 2023) e a meio de um contrato de três temporadas com a Roma, coloca-se a hipótese de sair do comando da equipa romana, algo que há sete meses, ao mesmo jornal italiano, o próprio dizia ser impensável. "Eu não estou a pensar sair antes destes três anos". Mas, logo a seguir, fez a ressalva, que pode dar esperança aos dirigentes federativos, na tarefa de o convencer a aceitar o convite: "No futebol, o importante é hoje e amanhã, no máximo".