Candidato às eleições do Sporting sonha com Cidade Desportiva, crítica Frederico Varandas e garante investidores na SAD
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Ricardo Oliveira, candidato pela Lista B à presidência do Sporting nas eleições do próximo sábado, tem um plano para o clube que envolve investimentos avultados e uma Cidade Desportiva. Quer ainda um Sporting mais unido e transparente.
Porquê candidatar-se numa altura de sucessos desportivos?
Não me podia acobardar só porque as condições são difíceis na eleição. O Sporting vive problemas graves ao nível da gestão e não falo de gestão desportiva. É a gestão que compete aos quadros da Direção. A desportiva compete aos técnicos. O Sporting segue um rumo que ninguém sabe muito bem qual é. Antevejo problemas até ao fim do próximo mandato. Este pode ser o último mandato em que os sócios do Sporting poderão ter alguma coisa a dizer. Não podia assobiar para o lado.
Sente então que há falta de transparência?
Gostava, como acionista, de ter acesso a mais informação, que tenho pedido e me tem sido negada. O atual presidente tinha como bandeira a transparência na anterior eleição. O que se propôs não tem sido feito. Quando for presidente, haverá essa transparência e os sócios saberão muito mais da vida do clube e os acionistas saberão o máximo possível legalmente. As decisões têm de ser ratificadas pelos sócios.
Frederico Varandas referiu várias vezes a herança que recebeu da anterior Direção. Como espera encontrar o Sporting?
Temos de ser justos, esta Direção encontra um clube psicologicamente afetado. Mas herança pesada? Todos sabemos o que aconteceu de mal, quem me dera que os últimos dois presidentes não tivessem sido expulsos. Mas a anterior Direção deixa um contrato televisivo no valor de 515 milhões de euros, nos dois primeiros anos a atual Direção conseguiu vender perto de 200 milhões em jogadores que já lá estavam antes. Parece-me uma herança apetecível. Uma dívida de 135 milhões de euros, negociada e transferida para capital próprio e que negoceia pagar só 40 milhões ao banco... Não quero entrar no Sporting e dizer que a culpa é dos senhores que cá estavam, a não ser, claro, que o clube esteja em falência técnica.
Falou do contrato individual televisivo. A Liga tem prevista a centralização dos direitos. Como é que vê esta mudança?
Defendo o modelo inglês. É balanceado, mas dá alguma preferência aos clubes maiores. A centralização é motivo de preocupação para o Sporting. Estas idas à Europa trazem dinheiro, mas trazem ainda mais se formos mais competitivos. Com menos dinheiro dos direitos televisivos, seremos menos competitivos, porque teremos menos receitas.
Já abordou uma almofada de investimentos no Sporting entre 150 a 200 milhões de euros. Com que entidades?
É preciso explicar o modelo de negócio e os sócios terão de aprovar essa transação. Temos investidores interessados no Sporting, mas com um tipo de gestão. Tenho investidores que confiam em mim. É uma forma do Sporting ser dono de mais ações. Se for um parceiro que, além de financeiro, seja também do nosso setor, pode abrir portas a mais-valias, inclusive em mercados financeiros.
Que planos tem para a Cidade Desportiva?
Em quatro anos sabemos que é impossível. Esse projeto implica financiamento e serão os sócios a decidir se querem isso. Vamos mostrar uma proposta com o nosso sonho, para deixarmos este património que será sempre do Sporting e que será uma referência mundial, com prazos e investimentos, em princípio de seis anos. Vamos negociar com autarquias, filantropos com interesse social. A conta não será paga totalmente pelo Sporting.
Como olha para a continuidade de Ruben Amorim?
Já deu provas do que é capaz de fazer. Para mim, é o treinador. Antes, existiram dois anos de gestão desportiva muito má, com Bolasie e Jesé. Foram 30 milhões de euros deitados fora. O Ruben Amorim passou a ter um papel preponderante nas contratações. O que me preocupa é quando ele sair e que seja daqui a muitos anos. O plano é deixar uma estrutura em que a única peça que saia seja o treinador, mas que o modelo continue.
Como avalia o mandato que agora termina de Frederico Varandas?
Quero lembrar que quem vai a eleições são os candidatos, e não o Ruben Amorim. Várias propostas não foram cumpridas. Os primeiros dois anos foram muito maus desportivamente, os outros dois bons, em especial no futebol, e com Ruben Amorim. Quero dar-lhe mais condições. Mas os quatro anos de gestão financeira foram maus.