Treinador do F. C. Porto volta a bater na tecla da atitude e diz que "não basta ter contrato" para representar os dragões.
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Na ressaca da derrota com o Estoril, que ditou o afastamento do F. C. Porto da Taça da Liga, e após a qual já tinha dado a entender que não gostara da forma como a equipa jogou, dizendo mesmo que poderia começar a apostar em jogadores dos sub-19 e da equipa B, Sérgio Conceição voltou a ter um discurso duro na antevisão da partida de sábado com o Casa Pia.
"Temos de perceber qual é o estado de espírito necessário para representar um clube como o F. C. Porto. A mentalidade certa é jogar com ambição, determinação, foco nas tarefas ao serviço do coletivo. É preciso sentir o clube. Não basta ter contrato. E não falo só dos jogadores. Já vão dizer que estou a atacar os jogadores, mas também me estou a atacar a mim. Isto vale para todos os departamentos, incluindo a equipa técnica e o treinador em primeiro lugar. É preciso sentir o clube e jogar à Porto", afirmou.
Questionado sobre o facto de ter dado dois treinos no dia que se seguiu ao desaire na Amoreira e se isso foi um castigo ao plantel, o técnico portista desabafou: "Ao fim de sete anos aqui e de quase 500 jogos na Liga, já estou saturado dessas perguntas. Se dou dois ou três treinos... Tivemos pouco tempo para dissecar o jogo anterior e pouco tempo para preparar o jogo seguinte. Faço o que acho que é melhor. Temos jogadores para ganhar de forma tranquila ao Estoril e daqui a algumas semanas vamos lá outra vez, para a Taça de Portugal. A seu tempo veremos. Para já, o importante é o jogo com o Casa Pia".
Sobre a curta utilização de reforços como Iván Jaime e Fran Navarro, Conceição foi claro. "O Iván Jaime esteve dois meses parado. Não posso treiná-lo no departamento médico. Quanto ao Fran, temos cinco atacantes e gente mais habituada ao nosso processo. Não há outra razão. Se fomos buscar determinados jogadores, é porque achamos que têm qualidade para nos ajudar", disse, revelando que o lateral João Mário não estará apto para defrontar o Casa Pia e que o médio Alan Varela já treinou integrado esta sexta-feira, o que indicia a disponibilidade para jogar.
Assumindo a habitual "azia" pelo resultado no Estoril, o treinador reforçou a necessidade de "olhar para dentro", sem "camuflar nada", em busca da "solidez" que a equipa tem de ter para ser consistente em campo. Em relação ao campeonato e ao facto de os portistas estarem a conseguir melhores exibições fora da casa, justificou-o com alguma juventude no plantel. "O Dragão tem o seu peso. Os adeptos de um clube grande querem ganhar e são apaixonados. É natural que assobiem quando acham que a equipa está a jogar mal. Com muitos jogadores jovens, não é fácil lidar com isso", sublinhou, negando que, ao fim de sete anos com o mesmo treinador, o F. C. Porto já não tenha capacidade para surpreender os adversários: "Em Famalicão e Guimarães, conseguimos. Não olho para isso dessa forma".