<p>Curiosamente, ambos dizem-se favoritos. Mas quem tem mais a perder são os leões. O Sporting apresenta-se com vontade de mudar, porém a irregularidade faz desconfiar. Seguro na liderança, o F. C. Porto ainda não foi derrotado esta época e assim quer continuar.</p>
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O pior dos cenários, ou seja a derrota, pouca mossa causará aos dragões na tabela. O F. C. Porto é o guia destacado da Liga. Leva 10 pontos de vantagem sobre os vices Guimarães e Benfica, e 13 sobre o adversário directo de hoje.
Este panorama ilustra bem o estado actual dos dois clubes. Os azuis e brancos gozam do conforto de uma campanha quase 100% vitoriosa, excepção feita ao empate em Guimarães, ao passo que o Sporting luta para manter o estatuto de grande, numa época que pode ditar linhas sobre o futuro, mais ou menos risonho, do reino leonino. Bettencourt e Costinha, mais Paulo Sérgio, continuam a ser postos à prova.
No actual Sporting, em 11 jornadas, os empates e as derrotas, num total de seis, superam as cinco vitórias. Um desaire ante o F. C. Porto dilatará para 16 pontos a distância entre os dois crónicos candidatos ao título. Essa é uma ameaça que paira sobre os sportinguistas. Por isso, e tantos outros motivos, os discursos, em Alvalade, apontam para um caminho oposto. A palavra de ordem é aproveitar o factor casa e agigantar. À boleia de toda essa onda, está subjacente o desejo de mudança.
Para este programa de relançamento e encurtamento de distâncias para o F. C. Porto, o técnico conta com Maniche, regressado após castigo e um pedido de desculpas aos sócios, pela agressão que lhe custou a expulsão frente ao Guimarães. Maniche, Pedro Mendes e Postiga, três homens fortes do onze, têm a particularidade de terem passado pelo F. C. Porto.
Um perigo chamado Hulk
No Dragão vivem-se dias felizes. A comunhão entre Pinto da Costa, Antero Henrique e Villas-Boas está a ser um tremendo êxito. A última derrota na Liga aconteceu em Fevereiro, precisamente em Alvalade (3-0), ainda na gerência de Jesualdo Ferreira. A carreira de Villas-Boas, embora curta, já impressiona. O técnico agita a bandeira da invencibilidade, não só para incentivar as suas tropas, mas também para incutir os efeitos destes "mind games" no adversário.
Não adormecer à sombra dos louros, estar sempre alerta e nunca perder o sentido de vitória foi o aviso deixado aos atletas.Um desígnio que vale para todos, mas com significado especial para João Moutinho. Apesar das palavras apaziguadoras de Bettencourt, aguarda-se um ambiente adverso para o médio, que, no defeso, abdicou da braçadeira de capitão e da titularidade no Sporting para envergar a camisola azul e branca.
A troca rendeu uma boa maquia aos cofres leoninos - 10 milhões de euros, mais Nuno André Coelho -, mas desportivamente está a saldar-se como um tiro no pé, pois Moutinho engrenou rapidamente na máquina portista. O regresso a Alvalade é um teste para o raçudo centrocampista, que está certo do apoio dos companheiros, nomeadamente de Hulk, o rei dos marcadores, com 11 golos, e provavelmente uma preocupação bem maior para Paulo Sérgio e companhia.