Jogadores são observados em diversos contextos e são avaliados aspetos técnicos, táticos, físicos, psicológicos e comportamentais.
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As redes de "scouting", ou deteção de talentos, funcionam de uma forma muito semelhante no F. C. Porto e no Sporting, Nenhum jogador é contratado antes de ser observado várias vezes e por scouts diferentes, que avaliam várias dimensões dos atletas que se sistematizam em aspetos físicos (força, velocidade, capacidade de resistência), táticos (ofensivo e defensivo, bolas paradas, posicionamento e capacidade de decisão), técnicos (qualidade de passe, receção, jogo aéreo, posse e condução de bola) e psicológicos (interesse em ouvir críticas, atitude mesmo não sendo primeira opção, etc...). A altura também é importante, ao ponto de guarda-redes e centrais com menos de 1,86 metros de potencial de crescimento serem descartados.
Os potenciais talentos são ainda avaliados em contextos diferentes, conforme o adversário: uma coisa será avaliar um jogador contra uma equipa de igual valia, onde é necessário atacar e defender, outra será avaliá-lo frente a um adversário inferior, em que a principal preocupação será atacar e ter menos cuidados defensivos.
Obviamente que as características analisadas deverão estar inseridas num perfil previamente traçado pelo departamento técnico do clube, mediante as funções para cada setor e adequadas ao estilo de jogo da equipa. A avaliação deverá ter em conta de que forma o jogador se relaciona fora do relvado, o seu comportamento nas redes sociais, em que contexto social se move e, se for o caso, apontar uma característica que o distinga dos outros. Num jovem, projetar a evolução do jogador para o futuro, a curto/médio prazo, a que padrão de jogo se adequa mais, a que nível pode jogar e que papel pode desempenhar na equipa.
No decorrer da fase de observação, o scout irá ainda levar em conta a relação com o atleta, familiares e representante do jogador. Informar-se da situação contratual do jogador, ou saber se já foi abordado por outro clube para agilizar o processo e ser capaz de finalizar a avaliação de forma sintética e assertiva, para posterior tomada de decisão do departamento de futebol.
João Couto
coordenador técnico da formação do Sporting
62 anos
É coordenador técnico da formação do Sporting desde 2020/21. Foi coordenador da Associação de Futebol de Lisboa, antes de ser convidado pelo Sporting, em 2000, para treinar na formação. Viu nascer a Academia e treinou Ronaldo, antes de sair para Benfica e Al-Ahli Jeddah, regressando aos leões em 2014.
Filipe Ribeiro
coordenador técnico da formação do F. C. Porto
47 anos
Formado na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto e antigo adjunto nos sub-19 dos dragões, passou por Penafiel, Gil Vicente, Leça e Serzedo. Foi adjunto no V. Guimarães e coordenador da formação, cargo que desempenhou no Paços de Ferreira. Treinou o Jonava, da Lituânia, e o Merelinense.