Telma Encarnação cresceu a admirar CR7 e também já entrou na história da seleção
Depois de Cristiano Ronaldo, a ilha da Madeira tem em Telma Encarnação mais um motivo para se orgulhar no futebol. A atacante apontou o primeiro golo de sempre das Navegadoras numa fase final de um Mundial feminino, feito que ficará para a eternidade alcançado por uma jovem habituada a superar-se para se fazer notar.
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Os portugueses já se acostumaram a que muitos dos golos das seleções nacionais tenham uma pronúncia bem particular. Tem sido assim, nas duas últimas décadas, com Cristiano Ronaldo na equipa masculina, e na feminina coube à também madeirense Telma Encarnação marcar o primeiro golo luso de sempre num Mundial, abrindo caminho ao triunfo das Navegadoras, por 2-0, frente ao Vietname.
Por todas as razões e mais alguma, Telma cresceu a admirar o conterrâneo Cristiano. Esse fascínio levava-a até a tentar imitar alguns movimentos de CR7, por mais exigentes que fossem. Ao “Canal 11”, contou que chegou a magoar-se na escola ao replicar um pontapé de bicicleta do internacional português.
Natural de Câmara de Lobos, a jovem nunca escondeu as dificuldades por que passou durante a infância. O futebol era, para além de uma paixão frenética, um escape a essa realidade, a que Telma recorria sempre que podia.
O primeiro salário enquanto futebolista serviu para rechear a despensa, contou a jogadora, que na ausência de uma bola de futebol fazia bolas de papel ou chutava bolas de basquetebol contra a parede para se entreter. Na infância, jogava na rua com os amigos, algumas vezes descalça, mas não demorou a chamar à atenção dos clubes locais.
A Associação Desportiva Recreativa e Cultural Os Xavelhas abriu-lhe as portas do futebol federado, mas foi no Marítimo, clube ao qual chegou com 14 anos, que ganhou projeção nacional. Forte fisicamente e de remate fácil, não demorou a fazer-se notar pelo volume de golos marcados, que lhe abriram as portas das seleções jovens, pelas quais apontou 36 golos em 35 encontros. Ao serviço da seleção principal, marcou, frente ao Vietname, o sexto golo em 25 internacionalizações.
Nas últimas três temporadas foi a melhor marcadora do Marítimo (soma um total de 67 golos em 96 jogos), com larga distância das companheiras. Nesse período, superou sempre a barreira da dezena de golos por época, chegando mesmo aos 23 em 2021/2022, números muito interessantes num clube com aspirações modestas na Liga, como o comprova o facto de, na última época, apenas ter evitado a despromoção no play-off de manutenção.
Talvez se questione sobre o porquê de, aos 21 anos, Telma Encarnação ainda não ter dado o salto para um emblema com outras ambições, mas essa é uma questão sensível para a jogadora. Feliz na Madeira, onde conta com a retaguarda familiar e o apoio dos amigos, a jovem confessou, ao “Canal 11”, que o seu “maior medo é deixar a família”.
Telma prefere “esperar por um momento mais certo e agarrar a oportunidade mais a sério”, que, pelo rumo que as coisas estão a levar, não tardará a surgir. “Estou à espera do momento, do dia e da hora certa para me ir embora”, confessa. Para já, escolheu a altura perfeita para entrar na história do futebol português.