Era doido por motas. Amante da adrenalina, da velocidade e da liberdade. Inspetor da Polícia Judiciária e ex-paraquedista. Luís Costa não levava uma vida nada pacata, era (e é) do grupo dos fortes. Porém, uma das suas paixões veio a revelar-se um enorme obstáculo e, talvez, a maior prova de superação da vida.
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No dia em que completava 30 anos, em 2003, o ciclista sofreu um acidente de mota que lhe tirou parte da perna direita. Ao fazer um percurso habitual, em Aljustrel, onde passou grande parte da juventude, a vida de Luís mudou. "Foi um acidente banal, despistei-me sozinho e estive cinco dias em coma", explicou o ciclista, ao JN.
Com uma recuperação repleta de altos e baixos, o psicológico de Luís podia tê-lo tramado, mas não, foi a sua maior força. "Neste momento, faço tudo como uma pessoa normal, só deixei de andar de mota". Nunca satisfeito, uns anos depois, ao ver os Jogos Paralímpicos de Londres, uma paixão pelo piloto Alessandro Zanardi - amputado nos membros inferiores - Luís ganhou interesse pelo paraciclismo.
"Olhava para o Zanardi e pensava que também podia fazer aquilo, hoje em dia é meu adversário", conta. "Comprei uma handbike e comecei a competir em 2013. Se era para ser atleta, era para ser o melhor. Sempre tracei objetivos, o primeiro foi ir aos Jogos Olímpicos do Rio 2016, e fui". Luís acredita que foi o acidente que fez de si atleta e agora não vê a vida de outra forma: "Parece que fiz isto a vida inteira".
Soma um palmarés invejável, incluindo uma medalha de bronze num campeonato do mundo e beneficia de um estatuto de atleta de alto rendimento que lhe permite sair do trabalho com mais frequência e ter horários flexíveis.
Luís não é homem para lamentos, e apesar de ser injusto dizer que "há males que vêm por bem", o atleta admite que a sua vida mudou para melhor.