Uma Vila desportiva que vai ter ares de cidade

O Moreirense até pode ser o "expoente máximo da pequenez", como muitas vezes é apelidado pelo presidente Vítor Magalhães, mas o clube continua a crescer de forma sustentada e a ombrear com os melhores. A construção da vila desportiva está em curso e com infraestruturas cruciais para continuar a competir nos principais campeonatos.

A 200 metros do estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas, na Quinta da Devesa, área de 70 mil metros quadrados adquirida pelo clube por 600 mil euros, a maquinaria pesada já se encontra no terreno. No local, irão nascer quatro campos de futebol, um edifício para albergar jogadores, um ginásio, várias salas para a estrutura profissional e para a formação, um parque de estacionamento com 500 lugares, entre outras valências. O custo final da obra poderá chegar aos oito milhões de euros, mas o empreendimento será realizado por fases e com verbas da própria coletividade. Na última assembleia-geral, a SAD e o clube apresentaram um lucro positivo, de 1,9 e 1,2 milhões de euros, respetivamente. Valores investidos na primeira fase da obra, que prevê a construção de dois campos de relva natural até ao próximo mês de julho, com o intuito de permitir à equipa sénior realizar a pré-época de 2019/20 na vila. Posteriormente, será construído um sintético para os escalões de formação. O atual espaço, junto ao estádio, é escasso para os treinos diários de 260 jovens.

Miniestádio na calha

A última etapa, sem prazo previsto, dado que o investimento dependerá sempre da venda de ativos, passará pela construção de um mini estádio, com capacidade para 1500 pessoas. A Vila Desportiva nasceu para acompanhar o crescimento da equipa sénior e da formação. Apesar de residir numa freguesia com pouco mais de cinco mil habitantes, sendo a coletividade da Liga com a menor densidade populacional, o crescimento do emblema vimaranense tem sido visível nos últimos anos com a conquista da Taça da Liga, em 2016/17. Garantida a permanência, mas fora da luta pela Liga Europa, por não reunir os pressupostos, a equipa ainda tenta superar a melhor classificação (nonoº lugar) e o recorde pontual (46).

Capitão testemunha o orgulho cónego

Ex-jogador Natural de Vizela, mas com um passado de sucesso ao serviço do Moreirense, Altino analisa a atual carreira do clube com um largo sorriso. Capitão durante sete temporadas, tendo festejado as subidas consecutivas da antiga 2.ª Divisão B ao principal escalão, o antigo defesa central, de 52 anos, não poupa nos elogios à Direção e ao treinador. "O Moreirense tem um coletivo forte e que joga sempre para ganhar. É um prazer ver esta equipa", disse. "O presidente tem grande mérito. Está a colher frutos de um trabalho que já vem do passado. A vila tem razões para estar orgulhosa. Uma palavra de apreço também para o Ivo Vieira. Tem um estilo de jogo muito positivo", acrescentou. Hoje, é dia de dérbi minhoto com o Braga. "É um adversário poderoso, mas o Moreirense tem qualidade para ganhar", perspetivou.

"Somos falados e ajuda ao negócio"

Com uma campanha acima das expectativas em 2018/19 e uma Taça da Liga conquistada (2017), o Moreirense tem beneficiado as empresas. Quem o garante é Joaquim Pereira, proprietário do Quiosque Fandino, local de referência na vila, após ter dado um grande prémio do euromilhões, em 2004.
"Ter o clube na Liga traz nome, somos mais falados e ajuda nos negócios. Os sucessos permitem vender mais jornais", explicou o empresário, de 52 anos. A publicidade chega ao país vizinho: "Há dois anos estive em Espanha e o funcionário do hotel não conhecia Moreira de Cónegos. Disse-lhe que tinha um clube na Liga e ele disse-me que, em Espanha, é impossível uma vila com tão poucos habitantes ter um clube na Liga. Fiquei orgulhoso".

Números:

4,5: O projeto será sustentado com venda de ativos. Só Chiquinho, jogador em vias de ir para o Krasnodar, poderá render 4,5 milhões de euros.

2: O Moreirense tem duas equipas da formação nos campeonatos nacionais: iniciados e juvenis. Os juniores disputam a 2.ª Divisão.