Presidente do F. C. Porto, André Villas-Boas, fala em "coação" de Benfica e Sporting sobre as arbitragens.
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Antes de assistir, na Cidade do Futebol, em Oeiras, à gala de entrega de prémios da FPF, André Villas-Boas teceu duras críticas aos dirigentes máximos dos rivais Benfica e Sporting, dizendo que o futebol português está tudo menos unido ou num clima de paz.
"Parece-me evidente que a coação feita por esses presidentes tem um impacto direto nas nomeações, porque o Tiago Martins, que está na final da Liga dos Campeões Feminina e que é reconhecido como um dos melhores video-árbitros portugueses, deixou praticamente de existir para jogos grandes", afirmou o presidente portista.
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"Eu não sei se esse nível de via comunicacional está a ter impacto ou não nas nomeações, a realidade é que não posso deixar de constatar factos evidentes para toda a gente. Nós não queremos estar aqui a entrar no mesmo jogo que os outros. Acho que, sobretudo nesta gala, estamos todos ansiosos para ver a quem é atribuído o prémio de calimero do ano, porque não faltam candidatos", ironizou.
Críticas a Varandas e à FPF
"O F. C. Porto quer manter a sua postura, manter-se focado no título, sabe que tem de lutar muito para lá chegar e esse é o nosso objetivo. O mais grave é ter havido um encontro entre o presidente do Sporting e o presidente da FPF para um mapeamento clubístico dos órgãos sociais da federação", acrescentou Villas-Boas, criticando ainda as recentes declarações de Frederico Varandas, que terá recebido a informação do próprio Pedro Proença de que 38% dos quadros da FPF são afetos ao Benfica e 25% ao Sporting.
"São declarações graves e não devem passar impunes ao presidente da Federação. Escrevi-lhe uma mensagem, porque se o seu lema é unir o futebol, declarações destas não podem passar impunes. Não pode haver um mapeamento dos órgãos sociais da Federação Portuguesa de Futebol sem que todos os clubes sejam informados do mesmo, ou, pelo menos, que esse mapeamento seja tornado público e não entre duas pessoas", disse o líder dos dragões.
"Se esse encontro realmente aconteceu e se esse mapeamento aconteceu, acho que todos temos o direito de saber quem é que são essas pessoas e acho que o presidente da FPF, se quer unir o futebol, tem que se chegar à frente e, de uma vez por todas, afirmar a sua autoridade. Foi para isso que o F. C. Porto também votou para a sua eleição, para unir o futebol. Há cerca de seis meses, ou talvez menos, tive aqui umas declarações precisamente nesse sentido. Acho que o futebol português nunca ter tão longe de estar unido como está neste momento", reforçou Villas-Boas, também crítico da ação do presidente da Liga de clubes, Reinaldo Teixeira.
"Não posso deixar de constatar que se vangloriou pelo acumular de pontos no ranking da UEFA por parte de Portugal. O que eu lhe quero relembrar é que, na sua responsabilidade, não fez nada para que isso acontecesse. Os pontos atribuídos a Portugal nesta jornada [das provas europeias] foram mérito do Sporting de Braga e do F. C. Porto. Nada tem a ver com o Presidente da Liga, que nada fez para que o futebol português pudesse pontuar. De resto, também não posso deixar de notar a sua ausência no clássico. Ao presidente da Liga cabe estar presente num F. C. Porto-Benfica e não estar ausente. Se esteve sentado ao meu lado no Sporting-F. C. Porto, não percebo porque não está num F. C. Porto-Benfica. Só lhe quero dizer que no Dragão ele será sempre recebido com cordialidade", concluiu.